Vim mal preparada, nem mochila trouxe. Disseram que estava tudo marcado para as 12:12:12 do dia 12 do mês 12 do ano 2012. Cheguei atrasada... Não de meu costume, mas é tudo demasiado intenso. Sentei-me no lugar 12, na carruagem 12. Já estava cheio, tudo apetrechado de coisas e mais coisas, tralhas e bagagens de vidas inteiras, algumas até se vertiam, escorriam pelas linhas do comboio de tão atafulhadas que estavam. Ajeitei-me como pude no meu lugar, encaixei-me assim pequenina, peça de puzzle em falta. Arrancou. Sem apito, guizo ou som estridente. Até suave foi. Pela brevidade da situação, quase que aproximei a realidade aos comboios alpinos.
Gare do Oriente. Então lá fomos todos, sem grande personalização. O silêncio foi reconfortante, vi no rosto da senhora que se cruzava com a minha alma, o receio. Quis lá entrar nesse vigoroso sentimento, atraiu-me como abismo, para tentar captar a negatividade. Experimentar antes de mais qualquer coisa, o meu avô sempre disse para não perecer estúpida, isenta de conteúdos. E os negativos, nisto, são substanciais.
À medida que o comboio avançava, a cidade desconstruía-se lentamente nas nossas costas. Peça a peça, deixava-se mergulhar em sofreguidão pelo inferno adentro. A poeira empoleirava-se, entre a qual a fortaleza do sol tentava romper, bélico. Cheguei a ver, creio eu, anjos brancos repletos de penas esvoaçantes de arco e flecha empunhados a cavalgar naquele que é o princípio dos tempos.
O grito de libertação aproximava-se.
Doze segundos.
Sentimos a vivacidade do desespero na pele, ali ainda perto do destino de partida. Apurei a audição, centrei-me nos ruídos que fugiam da nossa direcção, decifrando mensagens encriptadas das vozes de frustração. Pesava no ar, o choro inconsolável da perda, sufocante. A casa que sempre vivêramos foi-se, sem intervenção divina ou qualquer plano de salvação nacional. E cheguei eu atrasada para isto.
Nem mochila trouxe.
Gare do Oriente. Então lá fomos todos, sem grande personalização. O silêncio foi reconfortante, vi no rosto da senhora que se cruzava com a minha alma, o receio. Quis lá entrar nesse vigoroso sentimento, atraiu-me como abismo, para tentar captar a negatividade. Experimentar antes de mais qualquer coisa, o meu avô sempre disse para não perecer estúpida, isenta de conteúdos. E os negativos, nisto, são substanciais.
À medida que o comboio avançava, a cidade desconstruía-se lentamente nas nossas costas. Peça a peça, deixava-se mergulhar em sofreguidão pelo inferno adentro. A poeira empoleirava-se, entre a qual a fortaleza do sol tentava romper, bélico. Cheguei a ver, creio eu, anjos brancos repletos de penas esvoaçantes de arco e flecha empunhados a cavalgar naquele que é o princípio dos tempos.
O grito de libertação aproximava-se.
Doze segundos.
Sentimos a vivacidade do desespero na pele, ali ainda perto do destino de partida. Apurei a audição, centrei-me nos ruídos que fugiam da nossa direcção, decifrando mensagens encriptadas das vozes de frustração. Pesava no ar, o choro inconsolável da perda, sufocante. A casa que sempre vivêramos foi-se, sem intervenção divina ou qualquer plano de salvação nacional. E cheguei eu atrasada para isto.
Nem mochila trouxe.
Roubo-te o Mac por uns instantes, sei que também não te vais importar, deixas-me entrar na tua vida de olhos fechados, é por uma boa razão, preciso de te escrever como fiz em outros tempos mais dedicada as lides do teclado, mas hoje, por diversas questões sentidas e faladas, roubo-te o Mac por uns instantes.
Liguei o aquecedor, o nosso escritório já arrefeceu, talvez pela falta do teu calor, vejo o sol tímido já longe debruçado sobre o mar azul e calmo, onde tu estás a fotografar. Convidei-o a entrar, espero que não te importes, abri os estores até cima para romper a luz do dia pela casa adentro, fica melhor, mais lúcida e aquece-me os dedos enquanto aqui estou.
Penso muito em ti, em nós. Sou redonda no pensamento tal e qual o mundo que gira sobre si próprio, tenho essa necessidade, de reflectir, pensar, pairar, circulatório, porque não saio desta redoma de te amar, talvez assim, incondicionalmente, talvez sem definir pois não lhe arranjo forma nem formato, abstracto, mas está presente em cada instante do pensamento. Digo-te vezes sem fim que sou de palavras, aqui escritas, desenhadas pelas suas curvas e intensidades, e é assim que nos sinto na ausência do dia, na desenvoltura da verbalidade, deixo a música escorrer no intelecto e recordar quando te pedi para te entregares na água de música clássica, entregaste-te plenamente, no sentido literal, às minhas mãos, deixaste ir, confiaste em mim, sem medos ou anseios, porque estou aqui. Não parti.
Peço ao silêncio para tomar conta de mim, porque me protege não me torna vulnerável, onde pondero cada instante do nosso viver, sinto a tua falta, volta para mim, não te demores no mar, roubei-te o Mac para te escrever até doer o meu pulso que ainda não sarou. Escrevo-te por seres a minha metade, o meu sentido, a minha seta, o meu enter, backspace, vírgula, ponto final parágrafo.. Uma transferência de pensamento, assim me situas, entendes, compreendes.
Liguei o aquecedor, o nosso escritório já arrefeceu, talvez pela falta do teu calor, vejo o sol tímido já longe debruçado sobre o mar azul e calmo, onde tu estás a fotografar. Convidei-o a entrar, espero que não te importes, abri os estores até cima para romper a luz do dia pela casa adentro, fica melhor, mais lúcida e aquece-me os dedos enquanto aqui estou.
Penso muito em ti, em nós. Sou redonda no pensamento tal e qual o mundo que gira sobre si próprio, tenho essa necessidade, de reflectir, pensar, pairar, circulatório, porque não saio desta redoma de te amar, talvez assim, incondicionalmente, talvez sem definir pois não lhe arranjo forma nem formato, abstracto, mas está presente em cada instante do pensamento. Digo-te vezes sem fim que sou de palavras, aqui escritas, desenhadas pelas suas curvas e intensidades, e é assim que nos sinto na ausência do dia, na desenvoltura da verbalidade, deixo a música escorrer no intelecto e recordar quando te pedi para te entregares na água de música clássica, entregaste-te plenamente, no sentido literal, às minhas mãos, deixaste ir, confiaste em mim, sem medos ou anseios, porque estou aqui. Não parti.
Peço ao silêncio para tomar conta de mim, porque me protege não me torna vulnerável, onde pondero cada instante do nosso viver, sinto a tua falta, volta para mim, não te demores no mar, roubei-te o Mac para te escrever até doer o meu pulso que ainda não sarou. Escrevo-te por seres a minha metade, o meu sentido, a minha seta, o meu enter, backspace, vírgula, ponto final parágrafo.. Uma transferência de pensamento, assim me situas, entendes, compreendes.
A verdade é esta. Fotografia é luz. Quem o diz é o meu amor.
Agora penso na consequência.
Se fotografia é luz, editar vídeo é intensidade.
mais aqui |
Somos melhores amigas, inseparáveis. Mas agora só a vejo através de fonts em espaços de comunicação virtuais...
Partilho aqui a excelência jornalística no projecto Media Storm.
Aconselho que vejam, somente os que têm estômago. Histórias cruas, réplicas reais.
Aconselho que vejam, somente os que têm estômago. Histórias cruas, réplicas reais.
É o que ando a conceber. A criação de um estúdio.
A ver se a minha vida anda em roleta daqui para a frente.
A ver se a minha vida anda em roleta daqui para a frente.
«Things won't change until we do.»
Distribuem-se, aos poucos, para longe do berço, do lugar onde nasceram. Uma onda, uma vaga, uma partida longa. São muitos os que saem. Uns à toa, sem destino, outros com propostas e promessas garantidas. E todos, com um objectivo comum, encontrar «uma vida melhor».
A causa é justa.
Fala-se de uma geração mal gerida, mal criada. A quem foi
pedido um esforço nos estudos por ser o passaporte de uma vida melhor. A quem,
os pais, pagaram tudo. Findo um século e pouco de dedicação às leituras, aos
testes, às cábulas, às apresentações, aos exames e às provas orais caem como
torpedos. Não têm experiência, não sabem para onde vão, nunca
sentiram as dificuldades dos pais que cedo cresceram na exigência do trabalho,
sem grandes sonhos. Apenas de que os seus filhos teriam de tudo, um pouco
melhor.
Miguel, 32 anos, licenciado em Biologia.
«Emigrar foi para mim um acto espontâneo. Desde o início da minha vida académica que o meu caminho estava a ser preparado para emigrar, sempre tive este objectivo, por ser importante para a minha profissão e também por me fazer crescer enquanto pessoa.»
Reside actualmente em Basileia.
Concretiza o objectivo, o programa de doutoramento na
prestigiada Novartis. É o seu lugar de destino porque fez uma escolha.
«Escolhi uma actividade profissional que em Portugal não é respeitada nem bem remunerada. Todos os anos o investimento em ciência cai em Portugal, o que torna mais difícil conseguir apostar no desenvolvimento e tecnologia.»
Na mala levou uma bola de râguebi e a saudade da família e
dos amigos. Regressa nas épocas festivas e é na Suíça que desenvolve as suas
competências profissionais, por lhe garantir possibilidades de futuro.
Lara, 29 anos, licenciada em Arquitectura.
Emigrar é a atitude encarada desde a nascença. Natural da
Suíça, veio para Portugal com nove anos.
«É um acto espontâneo por querer um futuro mais risonho».
É com sorriso de satisfação que vê reconhecido o seu
trabalho. Ao fim de uma semana, e por já conhecer este mercado de trabalho,
arranjou emprego.
«Vim para Basileia por já conhecer bem a cidade e pelas óptimas condições de trabalho. Em Portugal era desempregada e sabia que aqui iria ter grandes possibilidades de um futuro melhor.»
Na ambiguidade do espaço aeroporto, despedem-se de uns e abrem
as portas do amanhã. Lara carregou a mala de 20 kg e pagou excesso de bagagem por culpa da saudade. Não regressa, só no Natal para se reencontrar com a família que ainda aqui vive.
Separam-se dos pais.
Dividem-se pelo mundo, quebram-se
amizades, procedem-se novas, seguem viagem, retiram-se daqui, deste pequeno
país. Fogem para o amanhã, afastam-se de contas que afinal não lhes competem,
confinam-se ao desconhecido, à esperança.
Inês, 28 anos, licenciada em Comunicação Social.
«Para mim emigrar é um misto. Sempre foi um desejo, o de viver uma experiência internacional mas feliz ou infelizmente a situação económica do país incentivou a minha decisão.»
Ruma para Amesterdão. Reúne nesta nova terra
condições para batalhar por um lugar no mercado de trabalho, com o apoio do
namorado e amigos que por lá residem.
«Quero partir pela experiência pessoal. Testar os meus limites e acima de tudo crescimento. Se puder fazer isso e ainda evoluir profissionalmente, melhor.»
Todos partem, todos vão partir. Uma moda, uma tendência, uma
oportunidade, uma obrigação. Seja como for, a viagem de volta não consta na
lista de prioridades. Em comum, encaixam entre peças de roupa, sapatos e
fotografias, o enredo da saudade.
Deste lado, simplesmente em Portugal, vemos partir.
Deixamos partir.
(Dedico este texto a todos que vejo partir e me fazem ter
saudades. Que o reencontro não dure a vida toda).
Há uma procura incessante sobre o que é novo, o que é fresco. Perante o Outono, estação que faz morrer lentamente esta natureza para a poupar dos longos meses de Inverno de estalactites, congeladas, procura-se a novidade.
Enquanto o odor frio não queima os pequenos pelos das narinas, é uma boa altura para se colocar as ideias de fora e dar encontrões aquilo que tende a desaparecer e nem se sabe bem o quê.
Em alturas assim, sento-me no comboio e levo-me até a cidade. Não dispenso, no entanto, uma música melancólica, triste, pesada, sombria, a que veste melhor este capítulo, para me convencer que isto tudo é passageiro, com um ingénuo lirismo de ver coisas novas onde tudo está a morrer.
Renovo hoje a lista de músicas do meu velho telemóvel. Tempo de mudança.
Fernando Piçarra Fotografia |
Acho interessante o facto de a google se preocupar com a minha agenda social e contaminar o e-mail com requerimentos para adicionar as eventuais pessoas no google+ que possa conhecer.
....a sério, mas dispenso.
....a sério, mas dispenso.
Fernando Piçarra Fotografia |
A imagem caiu-me na caixa de correio electrónico. Por impulso imediato, soltei uma gargalhada.
As castiças de beringel.
Pouco importa a penumbra do dia cinzento ou as políticas apartidárias. Aprumam-se pela manhã, de vestes cor de rosa, na ânsia de raiar juntamente com o dia. Seguem felizes estrada fora, na terra de Beringel, à esquerda do rio Galego. Levam uma mão cheia para dar e uma aberta para vencer.
O cheiro a terra molhada contrasta com a secura da população, em queda consistente com a sua toponímia. Beringela de Beringel. Pesa a história abundante que ali reina de pura religiosidade, desenhando as ruas nos tons de ruína.
Caminhavam nessa manhã de terra aberta, a receber os estrangeiros da cidade. Impondo a farda, desafiaram a ousadia de quem as atravessava, ensinando os costumes da cooperativa agrícola e olaria.
Eram duas, irmãs ou catatuas. Lado a lado, enfrentando o fado.
Segredar ao ouvido as frescas
novidades que encontramos na Internet, é um corrupio constante. Ainda mais
quando se trata de descobrir peças de bijutaria únicas em combinações
totalmente inesperadas…
Lord Byron, um romântico incorrigível, em um dos seus ilustres
poemas exala «in secret we met» e foi
em segredo que uma pequena equipa, sob a direção artística de Cremilde Bispo,
se reuniu para dar origem a um dos mais recentes projetos de bijuteria nacional
– ISWM, In Secret We Met.
A inspiração no puro lirismo, associado a uma formação de Belas-Artes e Economia, faz chegar a bom porto um projeto ambicioso que reflete a necessidade de unir os atributos da joalharia à bijuteria, tirando partido de ambas. Nas palavras da equipa trata-se de «criar algo inovador, um conceito que reúne qualidade, exclusividade e acessibilidade».
E que mais se poderá querer? Estabelecida no site de e-commerce da Etsy, a ISWM seduz pela sua simplicidade. As peças nobres contrastam com os materiais mais comuns, dando vida a combinações surpreendentes. Pendentes banhados a ouro entrelaçados nos fios de bordar, pedras semipreciosas como Ónix ou Quartzo elaboram parte do portefólio de pulseiras, colares e anéis convidativos a decorar e a completar as tendências da estação. Sendo concebidas artesanalmente, as peças conquistam um caráter próprio dando-lhes espaço para artigos exclusivos.
Quando se questiona a fonte de inspiração para as peças ISWM, são os materiais que ditam o seu próprio destino. As experiências são repetidas, vezes sem conta, até atingirem a perfeição.
A quem se despertou a curiosidade sobre a ISWM, estes e outros segredos são revelados através da página de Facebook e ainda, na loja virtual.
Já não se vende na Feira da Ladra.
Outrora fonte inesgotável de encontrar o que já não se apanha no restante mercado, na velha feira pela calçada espelhada, havia de tudo, compradores e vendedores. Continuam a ser muitos os que vendem, que não especificam o que vendem nas suas bancadas em lençóis improvisados debruçados sobre as pedras. Têm de tudo um pouco na esperança vã de reunir uns trocos ao fim do dia. Dará para a gasolina, dizem as novas caras, as dos jovens, que ali chegam em busca de um oásis.
Já não são muitos os que querem comprar.
Resistem os mais velhos, os que carregam a paciência e a sabedoria, acima de tudo que ali estão às terças e sábados, no Campo de Santa Clara, na feira onde já não passa cliente, apenas o tempo.
Outrora fonte inesgotável de encontrar o que já não se apanha no restante mercado, na velha feira pela calçada espelhada, havia de tudo, compradores e vendedores. Continuam a ser muitos os que vendem, que não especificam o que vendem nas suas bancadas em lençóis improvisados debruçados sobre as pedras. Têm de tudo um pouco na esperança vã de reunir uns trocos ao fim do dia. Dará para a gasolina, dizem as novas caras, as dos jovens, que ali chegam em busca de um oásis.
Já não são muitos os que querem comprar.
Resistem os mais velhos, os que carregam a paciência e a sabedoria, acima de tudo que ali estão às terças e sábados, no Campo de Santa Clara, na feira onde já não passa cliente, apenas o tempo.
«a única regra que existe, é que não há regras».Pode correr o risco de ver a sua biblioteca municipal de estrada desvanecer em pouco tempo mas a surpresa tem sido boa. A cada dia que passa, o número de livros cresce.
«Parece-me que os livros falam comigo. É por isso que se multiplicam assim. Os livros dizem-me que querem ser lidos... Querem ser trespassados.»Esboça um sorriso vincado, feliz. Para honrar a morte dos seus pais, colhe os frutos deixados por herança: o hábito da leitura. Um convite de porta aberta, em plena rua coloca os livros, mais de cem, tirados do sótão, à espera de quem os leve, emprestados. A conta gotas vão saindo da estante improvisada e regressam mais tarde, com outras leituras a acompanhar. Hoje perdeu a conta. Não consegue precisar o número total que se espelham à sua porta e que irrompem por esta adentro. Cada espaço vazio ganha vida com palavras, capas e folhas empoeiradas.
«Um livro deve ser usado e reutilizado. Tem vida própria, tem uma mensagem».Além da sua porta, a ideia já se replica por outras paragens. Pela pobreza estarrecida nas Filipinas, as prioridades monetárias dos pais não se voltam para filhos letrados. Por isso, Gunlao pedala na sua apelidada 'book bike' e leva as páginas às crianças esquecidas. Acrescenta ainda na cesta os livros que entrega a novos portadores da ideia.
Acabam por ser doze anos de história e muitos livros para a contar.
Cortesia: BBC |
Fonte: BBC News
A Benetton, sempre que lança uma nova campanha publicitária, é para chocar. Desta vez escolhe para os seus cartazes rostos jovens, bem vestidos pela marca, que representam a camada jovem licenciada sem futuro.
É só enviar CV para o desempregado do ano da Benetton. Uma marca que dá voz as injustiças sociais.
É só enviar CV para o desempregado do ano da Benetton. Uma marca que dá voz as injustiças sociais.
Conta-se a lenda que uma jovem estudante, Adriana, em dia de manifestação em Portugal contra as medidas governamentais, abraça um polícia de intervenção, Sérgio, «de olhos tristes».
Daqui a muitos e muitos anos uns dirão que é mito outros verdade. No entanto, agora que é o momento, partilhamos a imagem que corre o mundo.
Daqui a muitos e muitos anos uns dirão que é mito outros verdade. No entanto, agora que é o momento, partilhamos a imagem que corre o mundo.
* Cortesia José Manuel Ribeiro/Reuters |
Farta dos portugueses e de Portugal.
Mas adoro o cantinho na Europa, que fazer...
Mas adoro o cantinho na Europa, que fazer...
Queridas macieiras,
Deixem de dar fruto... Não vá a empresa das maçãs dizer que andam a copiá-los e que são desprovidas de originalidade.
São mais os que aceitam, mas também há os que querem mudar. Esbarro com quem não faz mais do que gastar palavras, e outros tantos que dizem ter rumo e fé, que há solução. Vejo ainda os que dizem temos de ajudar a pagar e vejo aqueles em que tudo lhes é retirado, aos pedaços. Uns passeiam-se de carro de luxo outro fazem greve de fome à espera de emprego.
O que diz a Maya sobre o assunto?
O que diz a Maya sobre o assunto?
Então 21,5% mais 31,7% dá...
(escolher uma das seguintes opções ou então todas que é o mais certo):
... Direito a ir de bicicleta para o trabalho.
... Direito a fazer a melhor dieta do mercado, passando fome.
... Direito vitalício à emigração.
... Direito a ver os outros passarem de Ferrari.
... Direito a ganhar um lugar na Assembleia para pedir esmola.
Quem dos meus/das minhas fiéis já leu «As Cinquenta Sombras de Grey», o tal romance cheio de erotismo que anda a excitar mulheres e a reacender a chama dos casamentos? É assim tão bom? Rilly?
E que título é este... O senhor será obeso?
E que título é este... O senhor será obeso?
Hoje acordei. Acordo todos os dias mas hoje acordei com a sensação de ser uma arma letal tipo banda desenhada, cheia de super poderes.
Vou ali à Assembleia e já volto.
Vou ali à Assembleia e já volto.
Ando com a mania de que só terei criatividade para a escrita se no meio do processo souber criar um espaço criativo, para me alapar à cadeira e pregar olhos no ecrã e colar dedos ao teclado.
Só desculpas.
Enquanto isso, aqui à janela o meu vizinho do lado direito folheia o jornal. Está de pernas para o ar. Talvez fosse melhor avisá-lo. Não tarda nada envio um avião de papel, um jacto talvez, para ser mais rápido. Os cortinados brancos de linho ondulam ao sabor da brisa, tem uma pintura pendurada por cima da cabeça branca. Parece-me uma pêra. Ou uma rocha. Pêra Rocha, quiçá. Há-de ser o que a arte quiser.
O da frente pertence a uma seita. Cheira sempre a incenso fora de prazo, luz branda, mínima lá ao fundo na sala de estar. Vejo vultos, nuvens negras que trespassam entre paredes indefinidas à minha distância. Limpam espíritos, vivem congregados às séries televisivas que iludem os crentes na vida além da morte. Lá em baixo as estudantes universitárias regressaram do InteRail. Abrem as janelas da sala, não se deixam confundir: em pequenos pijamas, calções de malha e t-shirt esquecida por alguém, deleitam-se nos puffs e sofás IKEA. Pintam as unhas de acordo com o último grito Vogue, galinhas de vozes estridentes fazem-se ouvir contando as aventuras de sexo leviano sentidas neste verão.
Primeiro pensei que fosse um gato. Juro que sim. Não estou habituada a choro de bebés não palrantes, de indecifráveis comunicações e decibéis avariados. Até podia ser a criança do casal inglês, mas não moro em Carcavelos...
Onde é que eu ia?
ah, sim... criação de zona de criatividade.
Só desculpas.
Enquanto isso, aqui à janela o meu vizinho do lado direito folheia o jornal. Está de pernas para o ar. Talvez fosse melhor avisá-lo. Não tarda nada envio um avião de papel, um jacto talvez, para ser mais rápido. Os cortinados brancos de linho ondulam ao sabor da brisa, tem uma pintura pendurada por cima da cabeça branca. Parece-me uma pêra. Ou uma rocha. Pêra Rocha, quiçá. Há-de ser o que a arte quiser.
O da frente pertence a uma seita. Cheira sempre a incenso fora de prazo, luz branda, mínima lá ao fundo na sala de estar. Vejo vultos, nuvens negras que trespassam entre paredes indefinidas à minha distância. Limpam espíritos, vivem congregados às séries televisivas que iludem os crentes na vida além da morte. Lá em baixo as estudantes universitárias regressaram do InteRail. Abrem as janelas da sala, não se deixam confundir: em pequenos pijamas, calções de malha e t-shirt esquecida por alguém, deleitam-se nos puffs e sofás IKEA. Pintam as unhas de acordo com o último grito Vogue, galinhas de vozes estridentes fazem-se ouvir contando as aventuras de sexo leviano sentidas neste verão.
Primeiro pensei que fosse um gato. Juro que sim. Não estou habituada a choro de bebés não palrantes, de indecifráveis comunicações e decibéis avariados. Até podia ser a criança do casal inglês, mas não moro em Carcavelos...
Onde é que eu ia?
ah, sim... criação de zona de criatividade.
Por razões me que são alheias, perdi o teclado.
alguém por aí?
Gostava muito de voltar a escrever sobre o bel-prazer que foi ver Justin Vernon subir ao palco do Coliseu, mas o histerismo infantil do público com declarações de amor artificiais estragaram o intimismo desenhado pela música e cenário criado pela dança de luzes.
Tenho pena que sobressaia mais depressa este comportamento palrador dos típicos festivaleiros, uma imaturidade que manchou a excelência de um grande concerto.
Tenho pena que sobressaia mais depressa este comportamento palrador dos típicos festivaleiros, uma imaturidade que manchou a excelência de um grande concerto.
Quatro ou seis sentados a mesa, pedimos Aperolspritz e enveredamos pelas conversas banais. É o começo de uma noite quente e tranquila, com cheiro a estrume a erguer-se da terra. Do meu parecer, é sinal de que a chuva não tarda a vir. Um italiano, quatro portugueses, dois italianos, um francês, afinal até somos mais do que dissera e todos falamos inglês. Rimos pelos mergulhos no Reno, pela corrente fresca que nos levou a flutuar pela margem, a hora do grill a gás comunitário em que é só trazer a Bradwurst, que o tempero vem com a vontade de comer.
O céu negro, denso, vigoroso impõe-se na noite miúda. Os relâmpagos criam obras de arte pop-up, frenéticas e alucinadas. Aos poucos, o barulho inevitável surge - não do trovão - antes das pedras de gelo em pleno verão.
Corro, tenho a relíquia da minha prima, uma bicicleta que até já sobreviveu à Segunda Guerra Mundial, presa à luz urbana. Assim que a alcanço, fico entre o granizo e um telhado de madeira. Batem-me nas pernas furiosas. Que mal lhes fiz? A bebida ficou em cima da mesa, ali no bar. Do lado de dentro, as nações unidas conversam em amena cavaqueira, nem as frentes frias do tempo impedem um pouco de snobismo francês.
O céu negro, denso, vigoroso impõe-se na noite miúda. Os relâmpagos criam obras de arte pop-up, frenéticas e alucinadas. Aos poucos, o barulho inevitável surge - não do trovão - antes das pedras de gelo em pleno verão.
Corro, tenho a relíquia da minha prima, uma bicicleta que até já sobreviveu à Segunda Guerra Mundial, presa à luz urbana. Assim que a alcanço, fico entre o granizo e um telhado de madeira. Batem-me nas pernas furiosas. Que mal lhes fiz? A bebida ficou em cima da mesa, ali no bar. Do lado de dentro, as nações unidas conversam em amena cavaqueira, nem as frentes frias do tempo impedem um pouco de snobismo francês.
tEstou faceinada com a quantidade de coisas que se podem comprar e conhecer pelo facebook.
As bicicletas em fileira, impõem-se a entrada dos edifícios. Não lhes conto mais do que quatro andares. O cheiro da relva cortada faz-me viajar na minha infância, mais para os lados campónios de Zurique, em Bischofzell. As vacas na sua calmaria vagueiam pelos prados verdejantes, penso sempre estar diante de uma pintura, nada pode ser tão verde. Continuo a odiar os corvos, por culpa de Hitchcock talvez, ou por pura embirração. Lembro-me agora da moda da bicicleta em Lisboa. Como sempre, pequenos e atrasados.
Tenho tempo para pensar, às tantas nem me apetece muito, o calor seco abafa as células, coitadas atrofiam, até percebo os alentejanos. Sinto falta do mar. Se pudesse redesenhar a terra colocaria os verdes suíços colados aos azuis do mar. Penso na existência de cada um e na ausência de todos. Os estranhos dizem-me olá; os estranhos dizem-me olá! Como folhas secas que tombam das árvores no final do tempo, assim se renovam votos de frescas amizades. E os verdes também.
Nesta terra, alem dos queijos e chocolates, e relogios, os gipfel(i) sao a minha perdicao. Peco desculpa pelas gaffes em portugues, mas nao ha acentos neste teclado a nao ser o trema.
Começa no zero, não no um. Todo o princípio é na tábua rasa. Não vale a pena saltar números, nem para os primos. Temos de nos inclinar para o zero. Depois a contagem será sempre crescente, indeterminada, quiçá infinita. Nunca voltamos à estaca zero por ordem decrescente. Simplesmente é um novo zero. E o zero significa recomeçar, apostar, acreditar. Hoje é dia zero. Novo futuro se avizinha.
Já é tarde. Não são horas para se estar acordado. Oiço ao de leve o relógio a marcar a hora certa, não sei desactivar o alarme. Tenho pregas nos olhos, é do cansaço. Tento concentrar-me no João Pestana. Deve ser difícil trabalhar como ele trabalha, a noite lúcida a fazer os outros adormecer. Será que está a contrato? Recibos? Explorado. Só pode ser explorado, tantas horas, tantas noites sem dormir. Não percebo o que me diz, volto-me para os carneiros. Porquê carneiros? Gosto mais de patos, duas patas, quatro patas, dois patos. Pata brava. Desisto. O melhor mesmo é fechar os olhos e deixar-me ir. E para onde vou enquanto durmo? Se me virem, contem-me. Quero que seja consciente este passeio nocturno.
Ai as insónias.
Ai as insónias.
Cansada. Exausta. Com muito sono e trabalho em atraso à custa da internet que nunca mais chegava.. Preciso de praia e descanso. Férias e sentimentos up up up
Se há coisa que me apraz na imagem estática, fotografada, é a gargalhada que me faz soltar. Tadao Cern, lituano, retratou desconhecidos no preciso momento que resistem a um vendaval... E aparentemente para o artista, os estranhos têm cara de Blow Job.
Tadao Cern
Tadao Cern
Já conhecem o Salão Neurótico? É de rebolar a rir.
New York
November 10, 1958
Dear Thom:
We had your letter this morning. I will answer it from my point of view and of course Elaine will from hers.
First -- if you are in love -- that's a good thing -- that's about the best thing that can happen to anyone. Don't let anyone make it small or light to you.
Second -- There are several kinds of love. One is a selfish, mean, grasping, egotistical thing which uses love for self-importance. This is the ugly and crippling kind. The other is an outpouring of everything good in you -- of kindness and consideration and respect -- not only the social respect of manners but the greater respect which is recognition of another person as unique and valuable. The first kind can make you sick and small and weak but the second can release in you strength, and courage and goodness and even wisdom you didn't know you had.
You say this is not puppy love. If you feel so deeply -- of course it isn't puppy love.
But I don't think you were asking me what you feel. You know better than anyone. What you wanted me to help you with is what to do about it -- and that I can tell you.
Glory in it for one thing and be very glad and grateful for it.
The object of love is the best and most beautiful. Try to live up to it.
If you love someone -- there is no possible harm in saying so -- only you must remember that some people are very shy and sometimes the saying must take that shyness into consideration.
Girls have a way of knowing or feeling what you feel, but they usually like to hear it also.
It sometimes happens that what you feel is not returned for one reason or another -- but that does not make your feeling less valuable and good.
Lastly, I know your feeling because I have it and I'm glad you have it.
We will be glad to meet Susan. She will be very welcome. But Elaine will make all such arrangements because that is her province and she will be very glad to. She knows about love too and maybe she can give you more help than I can.
And don't worry about losing. If it is right, it happens -- The main thing is not to hurry. Nothing good gets away.
Love,
Fa
(Carta de John Steinbeck. A resposta ao seu filho Thom que se apaixona pela primeira vez).
November 10, 1958
Dear Thom:
We had your letter this morning. I will answer it from my point of view and of course Elaine will from hers.
First -- if you are in love -- that's a good thing -- that's about the best thing that can happen to anyone. Don't let anyone make it small or light to you.
Second -- There are several kinds of love. One is a selfish, mean, grasping, egotistical thing which uses love for self-importance. This is the ugly and crippling kind. The other is an outpouring of everything good in you -- of kindness and consideration and respect -- not only the social respect of manners but the greater respect which is recognition of another person as unique and valuable. The first kind can make you sick and small and weak but the second can release in you strength, and courage and goodness and even wisdom you didn't know you had.
You say this is not puppy love. If you feel so deeply -- of course it isn't puppy love.
But I don't think you were asking me what you feel. You know better than anyone. What you wanted me to help you with is what to do about it -- and that I can tell you.
Glory in it for one thing and be very glad and grateful for it.
The object of love is the best and most beautiful. Try to live up to it.
If you love someone -- there is no possible harm in saying so -- only you must remember that some people are very shy and sometimes the saying must take that shyness into consideration.
Girls have a way of knowing or feeling what you feel, but they usually like to hear it also.
It sometimes happens that what you feel is not returned for one reason or another -- but that does not make your feeling less valuable and good.
Lastly, I know your feeling because I have it and I'm glad you have it.
We will be glad to meet Susan. She will be very welcome. But Elaine will make all such arrangements because that is her province and she will be very glad to. She knows about love too and maybe she can give you more help than I can.
And don't worry about losing. If it is right, it happens -- The main thing is not to hurry. Nothing good gets away.
Love,
Fa
(Carta de John Steinbeck. A resposta ao seu filho Thom que se apaixona pela primeira vez).
Quem está a sobreviver à insana vontade de ir dar um mergulho à praia?
Beethoven compôs partituras apesar da sua surdez. Conta-se que, nos seus demorados passeios numa floresta austríaca, absorvia o poder da natureza. Traduziu a linguagem da terra mãe em sinfonias eternizadas. Não se trata de uma analogia, mas é percetível que Bon Iver, de sua justiça Justin Vernon, se tenha refundido entre troncos de madeira canadianos para se submeter a uma ressaca de amor grotesca que fez nascer um dos álbuns mais acalmados da esfera folk/indie.
in Nstyle
Segue-me de há uns tempos para cá. Vá a que horas for, também está. Tem o estranho hábito de vasculhar os encolhidos caixotes de lixo nas carruagens. Arrasta a perna esquerda. Ou tem parafusos ou peso a mais.
Sentou-se atrás de mim. O entulho tombava na minha direcção. Cheguei a lavar o cabelo em casa, com receio de vestígios. Os solavancos do comboio adormecem-me os sentidos, ou será do cheiro? Penso muitas vezes, demasiadas até, do porquê do lixo. Intriga-me. Recicla, é artista ou gosta de ver a casa arrumada?
Um dia pergunto.
Assumo aqui neste momento a minha futura colaboração com a NStyle. Segunda-feira, dia 7 partilho o primeiro artigo exclusivo para a revista. Prometo escrever bem.
Neste blogue não se fala de Pingo Doce.
Ontem fui até ao CAMB. Deparei-me com o verdadeiro tapete voador.
Alex Flemming, Flying Carpet, 2004. Carpete sobre madeira |
Miguel Portas, nas palavras de Paulo Portas, não era piegas. Talvez por mera associação me tenha recordado da única vez que me cruzei com o Miguel, a propósito de um leilão a favor da liberalização do aborto em Portugal. Estava sentada numa mesa redonda acompanhada por outros jornalistas. Na época escrevia para a Lusa como estagiária. Perguntei-lhe provavelmente pelo porquê do sim. Não me lembro da resposta, mas fui levada a viajar nas memórias para descobrir que passamos por pessoas de extrema importância na vida. E nem sempre valorizamos essa experiência.
- Fui pára-quedista quando era mais nova.
- E tu, nunca saltaste?
- Eu não, nunca tive queda para isso.
- E tu, nunca saltaste?
- Eu não, nunca tive queda para isso.
Uma história de amor que ainda não começou. Duas personagens com o intento de se cruzarem algures pelo caminho, mas por enquanto, prendo-me ao panfleto (se é que este conceito ainda existe) que me vende à química e à física indie. E se a cena é independente, tudo aponta a um atirar de cabeça sem consequências à vista. Quem dá mais?
Simples a ideia: uma música para cada dia. A cada dia uma música. E eu, todos os dias, espreito-lhes o blogue para me inteirar das novidades sonoras. Recomendo vivamente, por isso partilho. Uma música para cada dia.
Cortesia Turn on the bright lights |
Memorizem estas imagens, Música no Coração e restantes festivaleiros. A relva caía tão bem no SBSR 2012.
«Fazer jornalismo num jornal já não é só tinta e papel. Tudo o que faço, cada história que dou, está em várias plataformas. Não é invulgar para mim — num só dia — fotografar, filmar, editar vídeo, escrever, actualizar o site, publicar no Twitter e produzir narrativas áudio.»
Sara Ganim, Pulitzer.
Sara Ganim, Pulitzer.
Diria exatamente o mesmo que Driss, matava-me no teu lugar. Vai daí, que até isso, para um tetraplégico, é difícil.
Seria impensável viver dependente de outrem para concretizar as tarefas mais básicas do dia-a-dia. Mas no fundo somos todos dependentes uns dos outros. Essa mensagem sublime, entre as 302 gargalhadas bem dadas ao sabor de Intouchables, foi a que fitou a minha memória. Porque dependemos deles, dos amigos. Dos estranhos que se tornam amigos. Da família, da companhia, da cumplicidade. Da mera presença.
Phillippe, um milionário, após uma queda de parapente nos Alpes, fica imobilizado. E na imprevisibilidade da vida, surge Driss, perito em assaltos, que revela ter os braços e o espírito em falta. O complemento das duas personagens confere uma graciosidade na tela, apelativa até aos mais insensíveis, e em consequência, os surtos de risos amplos numa sala de cinema. Honesto e brutal, liberta a mais tola piada sem nunca deixar de ser tocante. A hábil dança entre o melodrama e a comédia dão origem a cenas brilhantes, acompanhadas por uma fotografia e banda sonora assertiva, onde o dinamismo entre os dois atores - François Cluzet e Omar Sy - transforma as duas horas de película numa narrativa a não perder.
Apenas se lamenta que esta obra-prima se tenha ofuscado pelo seu conterrâneo 'O Artista', demorou demasiado tempo a sair da casca, ainda assim, sempre a tempo para um público ávido por boa disposição. Quiçá, com os Estados Unidos da América atentos ao crescente fenómeno de cinema europeu, os 'Amigos Improváveis' ganhem a merecida visibilidade.
Eu gostava muito de ter fãs, aqui no blogue, nas suas extensões como pinterest e facebook. Mas não tenho. Vocês persistentes são pouquinhos, adoráveis que me vão aturando. Uns mais fiéis do que outros, mea culpa, porque deixei a piada de parte e tornei-me aborrecida. Já tenho vindo a dizer que estou aborrecida, eis que agora já o sou, e como tal não vou tendo um aumento normal de fãs. Porque ninguém gosta de pessoas aborrecidas, para isso já há o ministro Vítor-monocórdico-Gaspar. Mas eu até que gosto dele, consegue fazer adormecer todos quadros no parlamento, acho que é um talento e tanto conseguir isso. Eu não consigo, confesso. Acho difícil vocês adormecerem até ao final desta linha, por exemplo, por estarem sempre à espera de um grande desfecho, que não chega, porque este blogue não acaba, não termina, tem as suas razões de ser e sei que gostam de mim. Fim.
Amigos, dizem eles. E nestas horas deixam-te na mão. Será que este mês podes comer? Será que chega para as migalhas?
Estou descentralizada.Tenho um foco voltado para a lua e outro para a escrita. Alguém aí que seja perito em afinações?
Um céu de arromba, braços largos curiosos como se fossem sufocar a cidade inteira. E sufoca. Brilha, ofusca no alto, reflecte-se na manga azul que rompe Tejo adentro. Os navegadores vão atrapalhados pela branda entrada, a falta de uma ponte e um deserto do outro lado. Aguardam relutantes pela ondulação, não conhecem o sentido estático durante meses a fio. A pele espelha o sol denso penetrante, que sem pedir licença, se alojou células cansadas. No braço esquerdo, ainda que proveniente de outra moda, a pin up tatuada. Falam como vem nos livros, mergulhados na dicção de Camões, ancorados ao passado, mas com arrojo singular para desbravar os tais mares nunca dantes naufragados. Adiantam-se nos passos. Mais à frente, prédios quadrados e largas avenidas que contrastam com becos, ruas e ruelas empilhadas, obra de Deus diriam uns ou maus arquitectos nas palavras do Marquês. Antigos armazéns transformados em casa de frescos para quem chega dos oceanos, alma lavada e comida temperada. Envelhecido Cais do Sodré. Tenta renascer como capim em telhas caídas na calçada. Nesta tumultuosa bolha, ergue-se Lisboa. De Liberdade escancarada, de céu azul envaidecida, a cor que não lhe resiste, brinda pela história o gosto pelo cair da manhã. No brotar do dia, os navegadores entorpeciam-se após afazeres incestuosos. E hoje, pela manhã, jovens vagabundos rasgam de um lar Frágil para um Lux luminoso. Perdeu-se o gosto pelo mar, ganhou-se no sabor de saber onde ancorar.
Até já pelo New York Times somos 'cantados'.
Como gosto do mundo virtual, abri conta no Pinterest. Aquilo é giro, mas não percebo a utilidade. É como o Twitter, também não sei usar muito bem... Afinal não sou assim tão dada às modernices.
Era só isto, tenho de mergulhar de novo nos relatórios.
até já,
Sushi
Era só isto, tenho de mergulhar de novo nos relatórios.
até já,
Sushi