nações em granizo
21:06Quatro ou seis sentados a mesa, pedimos Aperolspritz e enveredamos pelas conversas banais. É o começo de uma noite quente e tranquila, com cheiro a estrume a erguer-se da terra. Do meu parecer, é sinal de que a chuva não tarda a vir. Um italiano, quatro portugueses, dois italianos, um francês, afinal até somos mais do que dissera e todos falamos inglês. Rimos pelos mergulhos no Reno, pela corrente fresca que nos levou a flutuar pela margem, a hora do grill a gás comunitário em que é só trazer a Bradwurst, que o tempero vem com a vontade de comer.
O céu negro, denso, vigoroso impõe-se na noite miúda. Os relâmpagos criam obras de arte pop-up, frenéticas e alucinadas. Aos poucos, o barulho inevitável surge - não do trovão - antes das pedras de gelo em pleno verão.
Corro, tenho a relíquia da minha prima, uma bicicleta que até já sobreviveu à Segunda Guerra Mundial, presa à luz urbana. Assim que a alcanço, fico entre o granizo e um telhado de madeira. Batem-me nas pernas furiosas. Que mal lhes fiz? A bebida ficou em cima da mesa, ali no bar. Do lado de dentro, as nações unidas conversam em amena cavaqueira, nem as frentes frias do tempo impedem um pouco de snobismo francês.