É frequente, por exemplo, que alguém recuse um namoro porque "não sabe no que vai dar". O prazer que uma relação proporciona é preterido porque duvidamos do seu futuro. 
                                                                                                          in Cartas a um jovem terapeuta

Zip. Foi o som que fez. O último som que se ouviu. A mesma sonoridade quando se termina a leitura de um livro, o desligar de uma televisão, o fechar de uma porta. Uma sonoridade que representa um fim. Um fecho. Este, éclaire.
Pisou o limite, supostamente, ditos traços intransponíveis, aqueles que se faz uma jura sem precedentes a jamais arriscar. Mas quem se atreve petisca e quem petisca é porque arrisca e segue-se a consequência. Quando se ultrapassam estes parâmetros, aqueles que limitam a minha liberdade e a tua, em que ficamos? Faltas de respeito ou invasão deliberada de intimidade? Às vezes é o que queremos. Por isso é que avançamos.
O zip, aquele esbater metálico que encaixa uma metade na outra, em movimentos zigue zague, desenhou uma linha recta. Se fechou, é porque algo foi quebrado. É o querer virar costas, fechar literalmente o mundo dentro de um saco e libertar as presilhas que tanto andavam a incomodar? Às voltas fica a cabeça que tanto pensa neste simbolismo. Será que é diametralmente o oposto: o resguardar do mais sagrado que se pode ter... fica fechado, zip, sem ninguém o poder romper?
Seja como for, é simbólico aquele prateado a direito. Tão simbólico que dei cabo do meu, de propósito. Alguém que tenha a audácia de o querer arranjar. Por mim, por enquanto, fica bem sem encostar as metades.  Não funciona a inteiro.

Estava eu sentada à janela, a bebericar o meu café enquanto esperava pela minha companhia do ginásio. E quando já estávamos as três em amena cavaqueira, a senhora empregada aproxima-se e deixa um bilhete à minha "irmã" para depois me entregar (pois nisto estava a dar usufruto ao extremo).

Dizia
"João 96........"

Deitei-o fora.
Só me lembrei mais tarde que o poderia colocar aqui e se alguém tivesse interesse, ligava-lhe. Não faço ideia quem seja nem quero saber. Mas pela abordagem, deveria querer um bootie call.

Francamente não me lembro do primeiro dia em que peguei numa folha de papel e passei a despejar este palavreado disperso sobre as linhas. Deve ter sido com a moda dos diários que já lhes perdi o rasto. Mas, mais do que escrever, a minha veia lírica foi profundamente alimentada pelo vício dos livros.
Eu nunca conheci o meu avô paterno. Pelo que oiço falar, tenho a impressão que herdei algumas das suas  melhores características. As palpáveis ficam nestes pequenos livros da Verbo numa edição especial da RTP, que eu faço de questão de ler. A maioria são grandes clássicos que ficam cravados no tempo. Tal como o meu avô que os esqueceu deliberadamente neste mundo para que eu, devoradora de livros, os mantivesse como a minha maior herança. E a mais rica.
O que me entristece é o facto de alguns se terem perdido entre as ligações de Angola e Lisboa. Mas vou restaurar toda esta colecção e preencher ainda mais este meu lado da personalidade que faz jus à memória do meu avô Cesário e que me transforma a pequena estante do meu quarto no meu maior reflexo.

Ele deu-me o link para votar. E eu acho que o Mr. Mustache merece a nossa atenção.
A Maria Guedes tem um blogue sobre tendências e estilos e agora associou-se a Ka (Ford) neste passatempo onde o meu amigo Mr. Mustache aparece como concorrente. Peço-vos encarecidamente que votem nele porque merece ir a Paris, acima de tudo, porque tem a ousadia de usar um bigode como ninguém.

Para votar basta clicar em cima das estrelas por baixo da sua fotografia lá no sítio kaparis.sapo.pt.

Dançava de forma espalhafatosa e eu ri-me, pela diversão que proporcionava. Abordou-me.
- Como é que te chamas?
- Porque haveria de te dizer o meu nome?
- Isso! Não me digas. Eu vou-te conquistar.

Menti-te. Ou melhor tu sabias que o faria só nunca arranjei a coragem de te entregar. Escrevi-te sim, no final do nosso curso numa das minhas fitas vazias. Escrevi-te porque sabia que não irias alinhar na bênção e eu queria que perpetuasses os nossos momentos, e para isso, dedicar-te algumas palavras seria um pouco desse sabor.
Hoje as palavras não me saem com a mesma paixão. Essa, a platónica, a que nunca concretizamos no plano físico desvaneceu-se para dar origem aquela que é a minha amizade mais pura, entre um homem e uma mulher. Há quem não acredite nisto, que não seja possível, por haver determinados momentos em que se quer atravessar os limites e invadir a intimidade. Mas para mim essa falta de crença pouco me importa. Tenho-te aqui, à distância, em Barcelona, na América do Sul, perdido algures nas tuas viagens, em qualquer parte do mundo em qualquer momento, sei que te tenho.
Cruzar-me contigo no aeroporto ou algures a vaguear nas ruas de Lisboa revela-me a sorte de me receberes de braços abertos, os quais me encaixam em ti num tenro abraço de saudade, de amor, de amizade, de tudo o que possa existir. Sem pretensões, sem segundas intenções. Ali naquele momento revivemos tudo o que nos trouxe até aqui. Não é por mero acaso que te olho como olho. Não é por mero acaso que falas de mim como falas.
Haja tempo pela frente, haja uma maior condensação deste laço, haja sempre o teu sorriso e apoio. Espero por ti, em qualquer parte. Ainda bem que não percorremos caminhos que não estavam destinados. Aqui te tenho, e tu, nas minhas palavras e gestos não me perdes.
Pouco me rala o que os outros possam pensar. Quero lá saber quando me dizem enrolem-se logo de uma vez. Sempre que te encontrar hei-de de te agarrar, abraçar, encher de pancadinhas de amor, chatear, dar na cabeça, sobretudo a não aprovar as mulheres que te arrastam asa (e se um dia isso acontecer, tens de perceber que é um processo demorado e doloroso porque quero manter esta nossa amizade assim perfeitinha tal e qual como é).


(J. estas não são as palavras da fita mas não quero estar em falha contigo. Acima de tudo, não preciso de te escrever para saberes o que significamos um para o outro. Mas vi pelo teu ar a decepção de o não ter feito. Desculpa. A propósito - és uma merda - mas gosto de ti mesmo assim).

Esse teu rasgo de confiança no teu olhar, intimida-me. Deixas-me sem palavras. Vezes sem conta. Quando me apercebo ali estás, especado como sempre a tirar medidas próprias de quem sabe o que vê. E quando me vês, penetras na minha alma. Afinal de contas, tu sabes, deixas-me sem palavras.
Desligo-me facilmente da multidão que nos rodeia e concentro-me em ti. Não te falo mas analiso cada gesto que articulas despreocupadamente como se nada te afectasse. Daí não verbalizar o contexto que nos envolve, guio-me apenas por esse olhar que procura algo mais do que a vida te tem dado. Curioso que não te intimidas com a minha resposta, preferes invadir-me com argumentos incisivos. E eu, em jeito trouxa, fico de novo sem o que te dizer. Prefiro reagir assim, atrapalhada e timidamente, como no meu primeiro beijo de prazer.
Esse teu rasgo de confiança, ultrapassa-me. Quando me olhas nos olhos, denuncias-me. Evito, por medo de rejeição, de ser descaradamente descoberta e tornada peça de arte vulnerável a críticas de quem não sente o que fala.
Não me olhes, não me denuncies. Torna-me antes tua, vê-me por dentro como nunca ninguém me viu e faz-me crer, que esse teu olhar ganhou vida. Aquela que procuravas em vão nas outras que não te temiam, e não ali, naquele momento, em que me abri à evidência de sentir o que o teu olhar não viu.
Vou permanecer no silêncio e guardar este meigo recordar que por ti, por causa de ti, vi o que realmente senti.
Boa noite. Dorme bem.

And I was there.
Ontem andei ali pelo Mude porque lançaram um boato de que havia All Star penduradas no tecto e paredes para pintar. Curiosa como sou, fui até lá para confirmar essas informações. Ora, portanto:

Converse nova colecção - check
Bom ambiente - check
Rampa de skate - check
Música ao vivo com os Soulbizness* - double check
Vale a pena - Claro que sim.

Não me deram uns All Star porque eu e o meu pé de Cinderela, enfim temos querelas constantes sobre o que melhor o calça. Mas acho que depois desta colecção vou ter de fazer esse sacrifício... Ou então façam-no vocês por mim, porque ao contrário de uma dita, eu cá não acho nada bimbo.

*A propósito, adorei a música Victimeless Crime (como digo em bom português, grande malha!!!)

Há uma correlação indispensável entre as mulheres e os sapatos. As dicas das minhas gerações antecessoras assentam sempre no facto de que, uma mulher até pode estar mal vestida, mas se tiver os sapatos certos faz sucesso. O problema - e pelo que vejo é frequente - nem todas sabem colocar-se nas alturas do salto. Ao invés de uma postura elegante somos atropeladas por girafas coxas. Não é um espectáculo bonito de se ver. Contudo não deixa de ser castiço. Para essas ocasiões comecem pelo salto da avó antes de enveredarem por 10 ou 12 cm a mais. Esta dica, acreditem, pode ser a vossa salvação de uma cruel chacota de olhares alheios. 

O meu pai lê o meu blogue com alguma frequência. Há textos, que por razões que não interessam nem ao menino Jesus, lhe passam ao lado. Este, torço e contorço-me para que a todo o custo, não passe pela sua visão.


Reinventei um sistema de circulação que a todos os filhos deste mundo, especialmente para os menos beneficiados em termos económicos, é espectacular. O sistema O Pai Paga. Caso tenham veículo e ainda estejam sob o teto dos vossos progenitores, certifiquem-se que - o real nome da coisa é Via Verde - cai no NIB do cota e não no vosso. Tão simples. No fim do mês O Pai Paga. 
Eu cá continuo a por o carro nos estacionamentos com o sistema OPP, passo pelas portagens, e eventualmente, numa fase posterior as bombas de gasolina com OPP hão de ser uma mais-valia. 
Aposto que concordam. Caso o pai não pague, há sempre a mãe ou os tios ou ainda os avós. Nas famílias grandes podem alterar o sistema, desde que a conta não seja a vossa, sempre a deles.


* Texto ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico (estas palavrinhas dão um ar assim para o intelectual que me assenta que nem uma luva)

Nada mais ambivalente do que recuperar de uma queda de coração. Em queda-livre então, posso até jurar que não há solução. Ainda assim, sendo eu um exemplo a ser tido em conta no restante quesito, quero-vos deixar aqui o meu ombro. Só o esquerdo. É do lado certo.
O meu coração. Ora o que dizer sobre este gigante? Tem milhas que mereciam um daqueles cartões dourados bem ao estilo Up in the air. Resiste com franca emoção à turbulência, basta imaginar que aquele abanar é passageiro. Está igualmente farto de voar em queda-livre já que não foi pré-concebido para grandes perdas de altitude. Gosta de ver tudo na frente de ataque e para isso aloja-se sempre ali no cockpit. Como tal, tem a pura percepção do que está prestes a vir. Ah, melhor de tudo: não faz a mais pequena menção do que é um pára-quedas por mais que procure no dicionário o seu significado. Portanto, resume-se a um pedaço da minha inteira responsabilidade com grande vocação para estar no ar sem saber quando aterrar. Já no que diz ao levantar... está sempre pronto!
Mas aqui fica o meu ombro esquerdo. Sou pata-brava nos céus, eu sei. Mas isso não interessa. No fim de contas acabo sempre por ficar impecável para novo voo. Todos ficamos. Leve o tempo que levar voar.

- Olha aquela, vai com um cão atrás.
- E tu já estás com uma cadela*...


* entenda-se cadela por excesso de álcool no sangue e não no sentido pejorativo... mas, se bem que a sua ambiguidade... também tem a sua graça e sentido.

Domingo. A por a vida em perspectiva. Tudo se resume a encontros entornados como o saco de ervilhas, num desenrolar de conversas que pouco ou nada cativam o interesse, apenas preenchem a lacuna do tempo enquanto de te encostas ao vidro de copo na mão.

Os meus amigos estão a casar. Os meus amigos estão a ter filhos. Os meus amigos estão três passos à frente. Que eles sejam muito felizes. De coração.
Eu ainda tenho umas quantas coisas a fazer antes disso tudo... Mas não deixa de ser verdade, a felicidade deles toca-me.

Bom fim-de-semana, caros leitores.

                                           *cortesia Max Wanger

PS: Se houver a minha vez quero que seja o Max a registar esses momentos. Adoro!

Hoje o meu rabo abalou 7.8 na escala de Richter.
Credo, tenho de ir para o ginásio.

Diz-se por ai que quem não consegue dormir é porque está nos sonhos dos outros.

Já fui pedida em casamento duas vezes em território internacional e por estranhos. Disse que não. Um não redondo. Quando o velho perverso me perguntou se casaria com um chinês disse igualmente que não. Mas depois vi este oriental que tem uma voz sexy de rouca (ou arrastada não sei explicar) que é. Se ele (creio que seja japonês) me propusesse era capaz de dizer que sim, só para o ouvir cantar para mim.
Só por isso.

Culpa da vida passada ou do karma. Tenho para mim que atraio quem não devo, inconscientemente. Quem me conhece sabe que não invento estes factos. Terça passada, regressava eu do Porto no dito Alfa Pendular, sozinha à janela quando um velho na casa dos setenta ou oitenta (nunca tive talento para adivinhar idades) tomba no lugar ao meu lado. Digo tomba para não entrar a abrir e dizer, atira-se para o lugar vago ao meu lado. Portanto, tomba.
Eu, moça educada que sou, respondo cordialmente à conversa que o avozinho introduz. Ao contrário do que é normal, realmente não me apetecia conversar, isto porque o balançar do Alfa enjoa. Depois do balbuciar de ocasião, tanto pelo estado do tempo ou orçamento de estado, cai a ficha do senhor e revela-se um tipo com tesão verbal (porque presumo que fisicamente lhe tenha sido declarada morte certa) e me diz coisas como "seria capaz de casar com um preto? e com um chinês? - só para aquecer e acrescenta mais adiante - levantei-lhe as saias e estava dentro dela!"
Não pedi companhia. Não tinha roupas sugestivas nem muito menos uma conversa que o levasse a insistir na  temática "sexo" durante o resto da viagem, ao que eu me esquivei constantemente com classe: é que sou surda do ouvido esquerdo. Eu e as minhas estranhas ligações com a perversão sexual dos outros. Francamente, se o senhor fosse mais novo teria tido medo. Deste verme, só tive sensações a roçar a repugnância e o atrevimento. Para a próxima faço como uma jovem advogada me alertou, "antes da operação era Jorge, ficaram só algumas marcas da cirurgia."

Engordei tanto este fim-de-semana que os meus dedos ocupam, em média, duas letras no teclado.