transferência do pensamento

17:03

Roubo-te o Mac por uns instantes, sei que também não te vais importar, deixas-me entrar na tua vida de olhos fechados, é por uma boa razão, preciso de te escrever como fiz em outros tempos mais dedicada as lides do teclado, mas hoje, por diversas questões sentidas e faladas, roubo-te o Mac por uns instantes.
Liguei o aquecedor, o nosso escritório já arrefeceu, talvez pela falta do teu calor, vejo o sol tímido já longe debruçado sobre o mar azul e calmo, onde tu estás a fotografar. Convidei-o a entrar, espero que não te importes, abri os estores até cima para romper a luz do dia pela casa adentro, fica melhor, mais lúcida e aquece-me os dedos enquanto aqui estou.
Penso muito em ti, em nós. Sou redonda no pensamento tal e qual o mundo que gira sobre si próprio, tenho essa necessidade, de reflectir, pensar, pairar, circulatório, porque não saio desta redoma de te amar, talvez assim, incondicionalmente, talvez sem definir pois não lhe arranjo forma nem formato, abstracto, mas está presente em cada instante do pensamento. Digo-te vezes sem fim que sou de palavras, aqui escritas, desenhadas pelas suas curvas e intensidades, e é assim que nos sinto na ausência do dia, na desenvoltura da verbalidade, deixo a música escorrer no intelecto e recordar quando te pedi para te entregares na água de música clássica, entregaste-te plenamente, no sentido literal, às minhas mãos, deixaste ir, confiaste em mim, sem medos ou anseios, porque estou aqui. Não parti.
Peço ao silêncio para tomar conta de mim, porque me protege não me torna vulnerável, onde pondero cada instante do nosso viver, sinto a tua falta, volta para mim, não te demores no mar, roubei-te o Mac para te escrever até doer o meu pulso que ainda não sarou. Escrevo-te por seres a minha metade, o meu sentido, a minha seta, o meu enter, backspace, vírgula, ponto final parágrafo.. Uma transferência de pensamento, assim me situas, entendes, compreendes.

Sushi do Dia

A nossa visão só se torna clara quando conseguimos olhar para dentro de nós. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.
Carl Jung

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