Adormecer aos domingos de Primavera
22:57Domingo. A por a vida em perspectiva. Tudo se resume a encontros entornados como o saco de ervilhas, num desenrolar de conversas que pouco ou nada cativam o interesse, apenas preenchem a lacuna do tempo enquanto de te encostas ao vidro de copo na mão.
Um vazio impróprio para consumo porque estar ali ou na outra metade do planeta vai ter o mesmo significado. É por isso que preciso um pouco deste veneno sonoro que me adormece as veias e torna o meu pensamento num sereno objecto de adulação. Assim mergulho e deixo-me ir ao encontro, ao verdadeiro encontro, refundido no meu compêndio de momentos únicos, longínquos de qualquer realidade severa e que afasta da minha ilusão, esta ténue felicidade e me transforma numa pessoa calejada.
Mas aos Domingos, adormeço assim para que nada se repita. Para que deitada nua sob as estrelas, o meu pensamento me cubra de uma sensação de complementaridade que só o abraçar da noite me sabe dar. E o veneno fica, durante horas a correr o meu circuito interno, enquanto não entra em choque anafilático por não te ter aqui.
Boa noite. Dorme bem.