Por mais beleza épica que tenha, nem a Arca de Noé nos protege. Por mais que queiramos colocar o mundo numa redoma de vidro, este também quebra. A mãe Natureza, em toda a sua maravilha tem o seu quê de fúria. 
Não é de estranhar quando sopra ventos grosseiros que varrem o mundo, não é de estranhar as pesadas lágrimas que deixa cair nem muito menos o abanar das placas terrestres, com as quais tanto brincamos. A sua fúria, não tem maldade. Não nos quer mal. Qual a mãe que quer?
Mas é isso que nos faz. Destrói-nos. A nossa vida, nas suas mãos, é apenas mais um elemento. Dizemos sempre que tudo o que faz é sem explicação. Contrario esse pensar. Tudo o que a mãe Natureza faz é relembrar quão precioso é o mundo e para que a sua vontade não caia no esquecimento, sacode-nos. Estes abanões tiram vidas, roubam sonhos, consomem famílias. Estes gestos de recordações traduzem-se em registos inesquecíveis para nós, humanos.
E é para sempre que nos vamos lembrar das vítimas da tempestade da Madeira, do sismo do Haiti, do tsunami no Índico, do furacão Katrina e todas as outras vezes que não sabemos quem governa a casa onde vivemos.
Tudo isto, sem maldade. E, se um dia, o seu gesto for de vingança?