Causa efeito em mim

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Sei o efeito que tenho. Sei quando me olham, quando me ignoram, quando me desejam e quando anseiam que saia dali o mais depressa possível. Não saio. Nem quero.
Sei o efeito que tenho e a causa que o provoca. Sei, porque sou mulher. Acima de tudo, porque me olham. Tanto eles, como elas. De inveja, suponho. De raiva. Pelo passado, pelo presente, pelo momento em si. Porque no fundo adoram, porque na verdade me odeiam. Puro veneno. Droga intravenosa. Corre no sangue. Borbulha, ferve. Tanto a ele como a ela. O lado da crítica destrutiva, porque sou melhor do que ela. O desejo e ódio andam de braço dado, são inseparáveis... Almas gémeas.
Ele quer-me. Ela odeia-me. Porque sou mulher, porque sou ameaça, porque sei que o meu olhar provoca. Sou a causa, o olhar dos outros é o meu efeito. Jogo bem estas cartas. O bluff é a arte de quem tem melhor naipe, fingido.
O meu olhar provoca. O meu sorriso engana. Moral da história, a causa disto tudo é ser mulher e o efeito é a mulher que sou.
Cabra.
Não.
Isso é para quem o efeito se prolonga para além das calças.
Ainda assim, o desejo fica quando o olhar se vai. O meu? Segue outro rumo.

Sushi do Dia

A nossa visão só se torna clara quando conseguimos olhar para dentro de nós. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.
Carl Jung

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