beautiful lie*

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Ponho a música bem alta para encobrir as pequenas mentiras. Subi bem o tom e senti, pouco a pouco, as notas musicais a oscilarem em mim. Numa escala grave, choro. Numa escala aguda, morro. Vejo à distância esta composição em uníssono e sei que é esta. Tem de ser esta a minha música. Parada, estagnada, sem vibrações. Sonsa, morta, surda. E eu aqui, que tanto exprimo, contorciono e movo o meu corpo, nesta procura incessante de movimento interminável, tenho de aprender a desenhar o silêncio com a minha vontade. Merda, chego a este ponto, a pauta, as linhas da pauta terminam. Terminar é tão definitivo, e eu ainda tenho tanto, tanto, para mexer, remexer, fazer construir e diluir.
Fica para depois. Sempre estive para depois. Ainda assim, sinto, não sinto, tenho a certeza absoluta, tão verdadeira que o melhor está para vir. Tudo o que tem valor demora, o tempo, esse tramado, quer sempre demorar mais do que o suposto. Tudo o que vale a pena, demora. Até a minha vida, esta pauta, esta música, devora o bater do meu coração que palpita desenfreado... tem tanto, mas tanto, ainda tanto por viver. Esta angustia, fracturante, determinada, este azedume passa, quando tudo de bom acontecer. Até lá, sei, tenho essa certeza absoluta, que a minha vida


*aqui

Sushi do Dia

A nossa visão só se torna clara quando conseguimos olhar para dentro de nós. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.
Carl Jung

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