Se desaparecer. Há que voltar.
19:10Um dia desapareço do mapa. Sem rasto. Crio um sentido único, misterioso. Obrigatório circular no lado esquerdo, mania minha, porque o coração físico é esquerdo impulsiona não só a vida como a sorte.
Um dia desapareço do mapa. Sem rasto. Só porque sim, porque me apetece. Ver quem sente a falta. Como aquilo de por vezes imaginar o próprio funeral. Os diálogos que se fazem em homenagem ao corpo inerte ali estendido para dormir uma sesta. O que dirão? E porque choram se dali a uns meses a porra da memória apaga tudo? De volta e meia é que nos lembramos por associação não por espontânea vontade.
Assim sendo, um dia vou. Mas fico à coca. A ver e a ouvir, como assombração. Vou pregar sustos e rir-me ao custo da brincadeira. Vou saber o que não sei, entrar na cabeça de quem me barra a entrada, hei-de ler pensamentos e descobrir os tormentos. E como assombração apareço. Gira e sorridente. Traquinas. Porque se um dia me puser a andar, o caminho que seja mais ou menos circunspecto para poder voltar.
Desaparecer do mapa e dizer, alto e bom som até arrebentar as artérias por Da Weasel. Voltei.