Praia: o apelo do Verão

19:52

Longe de mim viver sem praia. Agora que sou uma conhecedora sublime desta natureza, é impensável ao meu ser, existir sem uma ida à praia. E quem diz eu, contabiliza provavelmente, os seis milhões de benfiquistas que também são aficionados por este pedaço de natureza. Esta realidade remete-me logo à questão caricata da divisão das classes.

A onda cool.
A onda bimbo com muito gosto.
A onda concentrado de tios de Lisboa.
Mal aperta o calor tal e qual caracol com os corninhos ao sol, eis que estes potenciais seres se deslocam à praia mais à mão... De Lisboa, é a dita margem sul denominada como o deserto mais próximo de Saara que alguma vez poderemos ter. O aclamado sol da Caparica, que noutro país qualquer seria um posto de luxo para banhistas, aqui não, serve para qualquer tipo de identidade seja qual for a sua apresentação. Uma miscigenação entusiasta que define o português onde quer que vá.
A onda cool é a preterida da Natureza. Não agem contra natura. Para isso levam a sua guitarra e que, em evocações acústicas sob o efeito da erva mágica, me fazem lembrar aquele filme muito falado, o Avatar. Pura harmonia onde o lixo produzido advém unicamente da falta de capacidade cerebral. De resto, tudo muito tranquilo até o dia raiar, de novo.
A onda bimbo com muito gosto está estrategicamente colocada para se evidenciarem como a maioria da praia. Se o parque da praia for pago, nem se aproximam porque o importante é poupar para o farnel. Desde pica-pau a camarão no gelo, esta classe é soberba em ocupar espaço. Nem tanto pelo número de membros familiares, mas antes, pela capacidade de transportar a arca-frigorífica. Não vá alguém padecer faminto após as longas horas expostas ao sol.
A onda concentrados tios de Lisboa são os que ditam a praia da moda. Jammin, Riviera, S. João por ai em diante... Ao contrário do que se pensa, são eles que mais adensam a praia em número já que se deslocam em comitiva. Há tios para todos. Se fores sozinho para a praia, estás à vontade para seres adoptado na hora. As crianças são devidamente identificadas porque se trajam de lycra igual - o motivo florar é sempre a se ter em conta - e além disso, a melhor actividade que exercem é passar o cartão. Assim sendo, alapam-se nas espreguiçadeiras do bar com direito a buffet e divertem-se a cumprimentar amigos/conhecidos com se esbarram diariamente no local de trabalho. 
Esta é a odisseia de quem se atreve a ir além ponte de Salazar. Como eu. Inteligência a minha. Mas o que fazer, mar sem ondas é igual a água choca. Agora como já há nadadores salvadores, vou passar a deixar as braçadeiras em casa. Muito mais seguro com o Mitch e a CJ por perto... 

Sushi do Dia

A nossa visão só se torna clara quando conseguimos olhar para dentro de nós. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.
Carl Jung

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