Crónica do amor

19:35

O telemóvel tocou. Em plena conversa chegámos à conclusão que na noite de Santo António é para se soltar uma oração. O telemóvel tocou de novo. Dessa vez, era uma mensagem.
"O Santo António é também o santo de objectos perdidos. Não há maior caso perdido do que eu. Encontrei o meu santinho!"*
A devoção religiosa pouco importa nesta clarividência de que todos procuramos, incessantemente, algo. A maior busca que se tem, é por esse sentimento abstracto, o amor. Infelizmente, confunde-se na maioria das vezes com o apego. A culpa não é de nenhuma das partes lesadas. É somente da vida. Tem o seu tempo para nos ensinar quem é o quê e onde se encaixa. Enquanto isso não acontece, divaga-se entre o desejo de ter o amor e liberdade de o sentir apenas com quem ficou.
Amar é isso. Ninguém é de ninguém. Amar é abrir mão. Liberdade de escolha. Quanto maior essa liberdade, maior o amor. Muitas vezes, é isto que acontece: queremos o amor palpável, por perto, por carência. Fica difícil a distância. A honestidade torna-se intransigente. E o amor torna-se num apego, resistente à separação. O cheiro, o olhar, o toque, o beijo é tudo uma questão de apego. O amor é um olhar evidente para dentro, um abrir de porta e na despedida, saberes em ti, que o amor fica. Só tu é que vais.
Leva-se uma juventude a perceber. Mas só uma eternidade a senti-lo.

*Kit Kat

Sushi do Dia

A nossa visão só se torna clara quando conseguimos olhar para dentro de nós. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.
Carl Jung

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