Porque há dias para tudo

21:49

(A pedido do "maridão"... Porque com um pouco de pressão, às tantas o texto até me sai).

Há assuntos fáceis sobre os quais escrever. Aqueles que me saltam para o teclado sem grande raciocínio ou vontade de agradar no fim. Há outros, que quero tanto que fiquem certos, que com raios, parecem tardar. Este é um deles.

Não me surpreendeu a mensagem que recebi. Estava a ir de férias pela nossa costa vicentina quando solto um sorrisinho histérico. Fui a primeira a receber a mensagem (para um pequeno melão da minha irmã) e depois, se há alguém que fica feliz (passo a redundância que neste momento importa) com a felicidade dos outros, essa pateta, efectivamente, sou eu.
O meu amigo António que sempre teve juízo, anunciava o seu casamento. Para mim, peço desculpa pela honestidade, foi também sinonimo de diversão. A verdade é que a maioria dos solteiros que frequentam casamentos só querem saber do copo de água. O resto aparenta ser um grande aborrecimento. Diria melhor, uma seca. E eu faço parte dessa lista. Se é para a diversão, tenho disponibilidade imediata. Agora prestar atenção ao casamento em si? A sério?! É muito sério.

Mas o casamento de dois amigos é mais do que isso. É um laço de esperança. Embora tenha sido sempre céptica em relação a finais felizes, sei que acontecem. No seu devido tempo e lugar. E se forem como os meus pais, duram.
E porque sou céptica? Porque não é um mundo ideal todos os dias, porque dá trabalho, requer esforço e dedicação. Acima de tudo, um sentimento genuíno. Aquele que pouco te importa se a toalha do banho está em qualquer parte da casa ou o comando da televisão nunca está no sitio certo. Aquele tipo de sentimento que cresce um pouco todos os dias, mesmo naqueles em que até te apetece estar distante, mas sentes a falta. E a presença sabe bem. Uma constante maré de altos e baixos, no mesmo barco.
Porque casar me faz pensar que estamos adultos, que o tempo passa e a vida começa a ganhar novas formas e sentido. E isso, assusta-me. Muito. Vendo-os casar até coloquei, ao de leve, o meu futuro, no mesmo caminho. Para o altar. Para o abraçar deste laço. E isso, assusta-me. Muito. Aprecio a coragem* do António mas também sei que se o fez, é porque mais do que nunca, tem a certeza do que quer na sua vida. Nada melhor do que partilhar a mochila, aquela que a Catarina "levou" até ao altar. Nada melhor do que viajar com alguém ao lado, que valha a pena. Nesta jornada que é a vida.

O vosso casamento inspirou-me. Talvez essa inspiração tenha começado na igreja e seguiu até à festa, com algo inquantificável que pairou pelo ar. Velas ou fado ao vivo, não interessa. O que ali vi, personificado em vocês, foi a alegria de um dia. Porque afinal, há dias para tudo.

* haverá audácia maior do que esta: alguém pegar-te na mão e querer ficar contigo por tempo indefinido? eis a questão.

Sushi do Dia

A nossa visão só se torna clara quando conseguimos olhar para dentro de nós. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.
Carl Jung

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