Transferência do amor

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É só de mim ou cada vez que oiço o The National dá-me assim uma fuga para um sentimentalismo barato e só me apetece escrever sobre esse nobre sentimento... o amor?

Já dissertei imenso sobre o amor, sempre em vão, porque não chego a lado algum. 

A minha prima, que não está perto mas esta sempre por perto, tinha um namorado. Há sete ou oito anos, o tempo é relativo. Ela terminou com ele. Vá-se lá saber porquê. Terminou. E nós arrancámos para o Rio de Janeiro, doidas como as galinhas, para aproveitar a vida como Deus ensinou - amai-vos uns aos outros - mas o único amor que por lá andou foi o das três primas, que se deleitaram ao sabor do sol carioca. O resto foi um medo ao susto com abordagem excessivamente lamecha para quem só lá está doze dias. Adiante.
Quando voltámos, por quase não termos tido contacto virtual como o outro lado oceano, poisámos o raio das malas e fomos à 'net como quem vai ali ao mercado do peixe. Eis que para nosso espanto, o ex-namorado esbanjava fotografias da nova namorada, feliz da vida. Sorridente e contente. Coisa pouca. Meses se passaram, este ex-namorado que dizia provavelmente ter perdido o sentido da vida por não ter mais a minha prima nos seus braços, engravidou a actual e vai casar.
Ironia da vida ou não? Eu não acho ironia. Acho que tudo é possível, porque só pode ser amor. Um acto de desespero por amor, aquele que perdeu e lá se lembrou de o transferir para o sistema reprodutor de outra. Coisas destas. Só pode ser amor. 

Não disse que fico lamechas? 

Sushi do Dia

A nossa visão só se torna clara quando conseguimos olhar para dentro de nós. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.
Carl Jung

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