limpeza de bastidores

23:30

Nunca fui muito boa em discussões. Nem em memórias. Tenho um chip interino ao qual faço com regularidade limpeza de bastidores. É por isso que nunca me dou por vencida ou vencedora, é mais fácil passar por cima, ignorar. Provavelmente a pessoa com quem mais discuti até hoje foi com a minha irmã: rouba-me roupa do armário, e o meu armário tem um sistema de arrumação, integrado no meu cérebro, noutro chip. Ela tem a mania de pegar nas minhas coisas sem apitar... E o chip dá sinais de vida. Dá tantos sinais que me liga à lixeira de bastidores e faz-me recordas as merdas com que já me pintaram. De todas cores, e o negro por cima. A mancha negra sobressai como o buraco do ozono em noite de inverno. Aquele filho da mãe teve coragem de me trair? Que murro no estômago, arre que me arrancam pedaços de carne viva. Eu dar-lhe-ei uma chapada de luva branca.
Está negra, manchada, tingida. Não sai, não limpa. Merda de nódoa, merda de pessoas que traem. Tiram sem avisar, põem e dispõem nas costas como se nada fosse, gente sem alma, sem pingo de nada, réstia de nada. Vou dar com a luva branca, vai ficar mancha, encardida. E a ele, nem assim, lhe dói. Filho da mãe.
Tenho de arranjar um chip desses para mim.

Sushi do Dia

A nossa visão só se torna clara quando conseguimos olhar para dentro de nós. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.
Carl Jung

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