religião marginal

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A casa estava sempre cheia. Inúmeros presentes em volta de um pinheiro verde bem escuro, talvez escurecido pela tristeza da ocasião, contrastando com as luzes intermitentes que corrupiavam cada ramo. E nós, as pequenas. Sempre fui a mais nova. Para todos os casos e em todos os casos, era eu, o benjamim. Não repararam, não me viram crescer. Calada, remetida a um canto, ouvindo o sussurrar de vozes que me contavam histórias, fantasias. À margem do óbvio, tornei-me mulher.
A casa começa a estar vazia. As árvores, pinheiros, que por aqui passaram já tiveram diferentes cores e efeitos. Por baixo delas, os presentes não existem. Sento-me na mesa dos adultos. Estás mais magra, dizem. Levanto-me, sorrio. Com os olhos. Não reparam. Digo até logo e marginalizo-me pela noite. Mesmo sem música, faço melodia com o meu passar. Em coro, dizem: nossa senhora! Volto a sorrir com os olhos, e dou por mim a criar estatísticas pelo aumento substancial de religiosos no país. Tenho vontade de lhes dizer, oremos. Mas a vulgaridade da mente remete para outros caminhos.

Sushi do Dia

A nossa visão só se torna clara quando conseguimos olhar para dentro de nós. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.
Carl Jung

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