Lágrimas de vazio

22:35

Deitou-se entre as folhagens ainda verdes. O erguer do frio já se fazia sentir, ainda assim, não havia brisa que interferisse com os pensamentos. A musicalidade da floresta, falava-lhe. Observava atentamente como o Sol penetrava pelas densas árvores por cima do seu ténue corpo ali jazido. Lágrimas de crocodilo escorriam-lhe pelo rosto. Nem amor nem glória para as justificar. Apenas um acto de pura felicidade. Relembrou-se das palavras de Camus. "Todo o mal e amargura pode ser consolado com amor." E se andassem todos de mãos dadas, disfarçados sob desejos maiores? Filosofias gastas percorriam-lhe a consciência mas como o céu limpa as nuvens, a liberdade de viajar dentro de si roubava a noção de certo e errado. Apenas uma ligeira felicidade se fazia sentir, um pequeno gosto de vitória. O mal e a amargura eram agora afagados pelo desejo de um amor. Nada mais importava.
A primeira folha caiu. Em breve as estações percorrem o mundo. Primeiro há que morrer, pensou. Depois, sê Fénix.

(ao som de Half Moon Bay - Sun Kil Moon)

Sushi do Dia

A nossa visão só se torna clara quando conseguimos olhar para dentro de nós. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.
Carl Jung

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