Coisa que não tenho e nem discuto porque é cedo demais para isso. Mas, por acaso, este miúdo até eu quis adoptar.
O filme em si teve mais publicidade do que outra coisa, a história é banal, o argumento deixa a desejar, Kidman em quase nada mudou da sua personagem Shannon de Horizontes Longínquos, enfim... Ele... Pode-se dizer que tem boas referências físicas.
O youtube já tirou o video em que Nullah canta para Sarah. Ele diz que é galapa, magic-man. E eu também sou. Adorei a personagem do miúdo e se o filme vale a pena, é mesmo por causa dele.
Já agora, o trailer de Australia:



p.s: eu sei que o puto não aparece no video, é uma forma de vos fazer ir ao cinema.

- Catralhas.

É assim que eu vou ser. Com 80 anos em cima e jovem, com muitas histórias para contar. Porque pelo caminho hei-de encontrar um cão fiel e dois trapalhões com nome idêntico que varia apenas entre o D e o T. Porque possuo a cabeleira loira só me falta criar a poupa e vestir incansavelmente a gabardina. E nisto, vou trabalhar para uma revista e ser a enviada especial para a antiga União Soviética e envolver-me em situações de pancadaria, posteriormente a desvendar casos inéditos e cheios de aventura.


Foi com este punhado de magia que estudei e disse, firme, aos 8 anos: vou ser jornalista. Faltam 72 anos para chegar aos pés de Tintim*.

*(Faz 80 anos dia 10)

Ébria, assim que tinha um tempo livre, punha-se ébria. Só assim é que conseguia afogar mágoas e espantar defuntos. Contudo, mantinha um talento que lhe era inato: era sóbria o suficiente para iludir, fosse quem fosse.
Sentada no bar, o cheiro a whisky arrastava-se pela conversa presa que tentava soltar da sua boca. Sozinha, descascava um amendoim com uma certa dificuldade, agravada pela artrose súbita que lhe atacava os nódulos dos dedos, efeito secundário comum do Jack Daniel. Recorria por socorro aos dentes, mas acabava por esmagar todo o conteúdo e elevá-lo como se de uma apoteose se tratasse.
Nisto, chega um homem de casaco comprido e de nariz avermelhado. Ao entrar no bar convida o frio a acompanhá-lo, que sem querer, espalha uma lufada de ar fresco. Senta-se ao lado de Ébria e pede uma Água das Pedras. Fica no silêncio. Ela tenta focar a sua imagem, mas ao invés de reparar naquele individuo singular fica intrigada por não pedir álcool. Decide arriscar. Mas em pensamento, oh psst tu aí bebe um copinho que ficas já mais quentinho... A voz afável vira-se para Ébria e desembucha. Estou sóbrio há sete meses e é assim que quero ficar. Palavras certas no tempo errado.
Eis que se dá uma epifania ao restante cérebro de Ébria que tenta desenvolver um diálogo assertivo sem grandes atropelos linguísticos. Consegue, aos poucos, compor a sua imagem de pessoinha ordinária e transforma-se tal metamorfose de borboleta na mulher sóbria que é. O estado de alcoolemia invade o coração do homem de nariz avermelhado, que se deixa levar pelo néctar de sedução. Minuto após minuto ele encontra-se extasiado. Babado. De queixo caído. Bêbado pelo encanto de Ébria. Ela, ao fim de umas horas de conversa, levanta-se. Caminha, segura e recta. Ele segue-a. Tonto e em zigue-zagues sem conseguir distinguir quantas Ébrias é que se deparam diante dele. Não percebe a confusão do seu cérebro. O empregado, mero espectador, julgou ter servido errado. Eu dei-lhe água das pedras, como é que é possível?
Num enrolar da língua, pede para lhe deixar o seu contacto. Ela despreza-o. Curou de novo a bebedeira. E no fim de contas, foi ele que ficou de ressaca.

Hast du etwas Zeit für mich
Dann singe ich ein Lied für dich
Von 99 Luftballons
Auf ihrem Weg zum Horizont
Denkst du vielleicht g'rad an mich
Dann singe ich ein Lied für dich
Von 99 Luftballons
Und dass so was von so was kommt

Não sei como o fazer. Dou voltas e voltas, mexo e remexo no fundo do baú à procura. Ponho coordenadas no GPS com uma leve esperança de me ajudar. Espreito por janelas indiscretas. Leio e releio tudo o que me aparece à frente mas nem assim consigo ter uma ideia mesmo original. E queria. Como queria.
Queria inventar qualquer coisa misteriosa, intrigante, nunca antes vista. Queria ser uma Mary Pickford. Queria ser uma Mary Quant. Queria ser alguém que no futuro fosse recordada pelo seu passado, pela ideia brilhante que teve.
Só que já não dá. Esgotámos o mundo, ocupámos todos os átomos. Não sobra nada que possa ser criativo. E nem posso ganhar a vida a atravessar pessoas às cavalitas quando há cheias porque no Congo isso acontece há tempos sem fim. Nem posso inventar um elefante voador porque quem o criou chamou-o de Dumbo, assunto arrumado. Já nem posso inventar um estilo porque esses há aos pontapés, esquecidos e retocados mais à frente.
Sobra-me somente a invenção da minha vida. Posso pintar um quadro todos os dias, vestir uma década, subir as estrelas, calçar areia... Qualquer coisa. Mas tenho de ser criativa.
E como ter uma cabeça sempre a mil? Quem tiver a resposta que não a conte. Invente.

Está mais do que decidido que o fim-de-semana de Carnaval vai ser no estrangeiro no meio de uma aventura penosa, com noites mal dormidas e no meio de estranhos. O que vou ditar aqui é uma antevisão do que se vai passar.

Quatro amigos vão já atrasados para o aeroporto de Lisboa. Uma delas, a loira, esqueceu-se do C.U mas por sorte tinha o passaporte perdido na mala. No meio de muita correria lá chegam ao avião. Sentam-se separados e estão durante todo o voo a emanar sinais de fumo para conseguirem comunicar. Os assistentes de bordo quase que emitem uma ordem de expulsão por perturbação aérea.
Quando aterram apercebem-se de que a boleia prometida deu uma grande tampa. Nisto, a experiente do desenrascanço saca bicicletas e ordena a que todos pedalem até chegarem a um destino apresentável para descanso.
Assim que se deparam com um Hostel decidem pernoitar. Maravilhoso é o colchão perfurado pela ganza e o odor adocicado pela imensidão floral que não existe no Inverno. Tudo tranquilo, até que de manhã ao raiar do Sol a terceira viajante de guelra aberta invade os tímpanos vizinhos porque a mala desapareceu. Deixam apenas um par de peúgas.
Mas sem medo rapidamente apresentamos queixas às autoridades para que depois a viagem de regresso se processe dentro da normalidade. Entretanto, empresta-se umas indumentárias à cachopa e orientamos o passeio nas biclas adquiridas pela cidade. Fotografias aqui, fotografias ali e está é tudo doido para que a noite venha depressa. Loucos e vibrantes invadem a Rua Vermelha para espanto de uns e decepção de outros. Possessos pelos actos de alcoolismo fazem piercings e tatuagens que na manhã seguinte fazem chorar convulsivamente. Não há volta a dar e mais vale prometer não voltar a entra naquele estado de anémona.
Com a loira a ter um ataque de histeria por encontrar a orelha de Van Gogh, decidem dar-lhe calmantes naturais. Não há descrição possível para o que se sucede posteriormente. Imaginem apenas um astronauta fora de órbita.
Assim se passa mais um dia e avizinha-se uma nova noite. Fazemos apostas de índole pecaminosa as quais ninguém consegue cumprir porque não passamos de uma cambada de meninos, portanto mais vale partir o coco a rir com tamanha estupidez em conjunto.
Eis que chega o dia da penitência final que é o regresso. Não importa a quantidade de azares que viajaram connosco. A conclusão da viagem é somente esta: em Amesterdão, não podes dizer não!

Porque não conseguia dormir ontem? Por haver finais felizes.

São 25 coisas sobre mim. 25 efeitos especiais que me acompanham. 25 assuntos que me constroiem como pessoa.


1. Odeio cigarros, fumo, demasiado fumo e critico irritantemente todos os fumadores.


2. Respiro música. Vive colada aos meus ouvidos e é assim desde que me conheço e tentava perceber a língua inglesa quando cantarolava M. Jackson.


3. Transpiro dança. Basta haver um pouco de ritmo que me ponho logo a abanar o pezito.


4. Por falar em pés, detesto mas gosto dos meus porque são pequenos.


5. Desde que entrei no Lux pela primeira vez, ganhei uma nova visão sobre a vida.


6. Não gosto nada de conduzir.


7. Sou trapalhona por natureza - bater com o dedo mindinho do pé nos cantos da casa é a minha especialidade.


8. Perco-me com livros.


9. Amo o mar.


10. Não vivo sem praia e sou incapaz de viver para um lugar onde não haja a mancha azul.


11. Sou fã de chocolate mas não de doces.


12. Acredito que vou viver até aos 92 anos.


13. Já fui a mais funerais do que casamentos.


14. O número 13 não me intimida.


15. Sou supersticiosa com gavetas e armários abertos. É por isso que não me deito sem os fechar e endireito o tapete com a mesma convicção.


16. Adoro sair e socializar mas na verdade sou muito caseira.


17. Gosto de números impares.


18. Não choro. Pelo menos evito ao máximo. Isto porque não quero perder tempo com tristezas. Portanto, arranjo sempre um motivo para rir.


19. Este já é o meu quinto blogue. Crio e apago-os sem deixar rasto.


20. Gostava de ter nascido com o cabelo da minha mãe.


21. Acreditei no Pai Natal porque o vi numa floresta ao pé de casa quando morava na Suíça.


22. Sou fascinada por aeroportos e adoro criar a vida de cada pessoa que chega e que parte.


23. Adoro ter a casa cheia de família e amigos.


24. Sou croma a jogar Trivial.


25. Tenho fé.

Gosto do som do tombar da chuva, que rega a vida. Gosto da maneira como a água escorre na minha janela e do dia sombrio que acompanha a dança das nuvens. Gosto do frio e da casa quente. Gosto das descidas das temperaturas e do ar que nos sai desenhado das narinas. Gosto do cheiro a Inverno. Gosto das luzes mais tempo acesas do que apagadas. Gosto do dia curto, do e do Sol escondido. Sou pessoa de Inverno, não me é depressivo. Só sinto falta da neve para cobrir o mundo com paz.
Gosto de me sentar no café e de beber um cacau quente. Gosto de calçar as meias do chinês que me aquecem os pés. Gosto de cachecóis e não vivo sem um chapéu na cabeça para que o meu cabelo não fique encarapinhado com a humidade. Gosto de vir para casa de noite depois de um dia de trabalho e ver as luzes dos carros a quadriplicar por causa dos pingos que me caiem no vidro. Gosto de sentir o contraste frio-quente. Gosto de um livro e chá morno porque quente de mais queima-me a língua. Gosto de mantinhas na cama e de pijamas. Gosto de pantufas. Gosto de ver o mundo recolhido do frio e eu a gostar daquilo que quase ninguém gosta...