Clássico. Conservador. Procura-se rei. Alguém que seja muito bom para alterar o status. O meu coração não usa Tinder porque é isso mesmo, old school. Talvez exageradamente agarrado às fantasiosas histórias da Disney. Talvez demasiado céptico para acreditar no amor proveniente de um aparelho móvel.

Preciso de calor como uma vela que precisa do fogo para arder. Preciso de uma troca de olhares, contacto directo à alma, decifrar pensamentos. Preciso de reter o cheiro, o momento. Não sou capaz de ir a um catálogo escolher companhia. Esquerda, direita. Aceitar ou eliminar possibilidades. De quê?

Aprendi a gostar do vinho, sozinha. Aprendi a percorrer as ruas da cidade, castanhas assadas na mão, a sentir o deslizar da chuva, sozinha. Aprendi que para conhecer pessoas novas basta viver. Olhar, interpretar, querer conhecer. Usar o Tinder é tornar a tórrida sensação de me apaixonar num escasso momento de diversão que se desliga com o romper da bateria.

Prefiro que me encontres no acaso da rua. Prefiro que me vejas a passar por ti. Prefiro que me desafies com o teu toque. Virar à esquerda ou direita?

Na acendalha do coração, eu sigo em frente.