sopro
23:05Ainda sinto o sopro de verão sobre a minha pele. Passeia-se de norte a sul, desenha no mapa os contornos do corpo. Aproxima-se tímido com a mão, sobre o ombro como protecção. Há qualquer coisa paternal no momento. Sentimos a brisa que a dança dos corpos provoca.
Aos poucos afasta-se, com o olhar, a fixar o horizonte. Percebe a minha liberdade, o momento de partir e sem prazo de voltar. Porque faz o mesmo, porque quer o mesmo, largar o concreto e entregar-se ao puro lirismo dos dias. A brisa leva-nos em direcções opostas. Um dia, talvez, os caminhos se cruzem de novo. Ou pelo menos é bom viver de esperança.