feira do livro ou da dispersão?

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Como eu gosto de livros. Gosto mais de livros do que do trabalho, a título de exemplo. Também gosto mais de livros do que acordar tarde, já alta vai a manhã. São a minha melhor companhia, têm sempre uma frase que assenta como uma luva nos meus períodos de incubação sentimental e até, quiçá, racional.
Como eu gosto de entrar em livrarias. Melhor ainda, alfarrabistas. Tenho uma certa combustão lírica quando me deparo perante estantes em pó e livros suspensos no tempo. Arrepia-me a espinha e salta-me um espirro das minhas concavidades nasais. Tenho estado todos os dias na Feira do Livro. Estar. Não é bem estar. Se estivesse presente, estática e imóvel talvez pudesse contemplar a vaidade da Feira do Livro. O Parque Eduardo Sétimo recebe pela penúltima vez este evento.
Como eu gosto do cheiro a relva cortada. Prefiro o parque só para mim, com os namoradeiros a enfeitar os bancos de jardim, presos ao chão encavalitado pelas raízes das árvores, que se expandem terra fora. Gosto disto tudo. Não consigo gostar da feira do livro como todos gostam. A mim não me convence.
Ainda assim, amanhã há hora de almoço lá vou eu esticar as pernas na tentativa usurpada de querer um livro que não me salta para a mão.

Sushi do Dia

A nossa visão só se torna clara quando conseguimos olhar para dentro de nós. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.
Carl Jung

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