Indecisões decisivas
18:42Um beijo é sempre um beijo. Tem o seu preço, ninguém dá de borla. O toque é sempre um toque. Mais ou menos sensível, é sempre um arrepiar de emoções na espinha dorsal. Quem comete actos destes no impulso do fogo, acaba com julgamentos verbais de uma sociedade retrógrada que no seu esplendor se exala livre, sem nunca aplicar o princípio de liberdade.
É confuso. Os meus amigos viajantes regozijam do prazer espontâneo obtido durante a odisseia nesta velha Europa. Proclamam o que a mulher portuguesa é, em voz alta, num tom jocoso por ser excessivamente moralista. O defeito é da mulher, jamais de uma mentalidade iluminada nos propósitos que apenas lhe convém.
A liberdade alcançada é só para alguns maioritariamente para os homens neste mundo latino. As mulheres caminham iludidas naquilo que pensam ter pleno direito mas assim que se assumem iguais aos homens, morre aqui o equilíbrio dos géneros.
A conquista da liberdade trouxe-nos a um longínquo corredor de saídas variáveis, em que todas nos remetem a indecisões decisivas: se quero, vou; se pensar, não vou. Eis o segundo em que são lançadas as cartas na mesa e os tais locutores desta insana liberdade nos julgam pelo acto deliberadamente escolhido.
Afinal o que importa? Gueixa, amante, apaixonada, romântica, acompanhante de luxo, prostituta, esposa, namorada. Somos mulheres. E o que nos une, o desejo de também poder sentir, sentir sem a vergonha de alguém nos punir... Um dia há-de atingir o seu nirvana e assim chegar-se-á ao pleno equilíbrio entre homens e mulheres. Até lá, vive-se neste limbo.