Vírus da Tribo

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Como não se fala de outra coisa, dessa doença que se pega tão facilmente a todos, tenho então que partilhar soluções que me parecem ser viáveis para combater esta dita crise das carteiras.

Agiliza-te
Se queres estar em forma porque vem aí o Verão esta é sem dúvida uma boa solução. Veste o teu requintado fato-de-treino e respectivo calçado desportivo e avança para o desporto ao ar livre. Nada melhor do que uma caminhada no paredão ao pé da praia ou então se tens um jardim ao teu lado visualiza trilhos e faz-te ao caminho.

Boleias associativas
Ser pedinte de boleia tem muito que se lhe diga. Nunca leves carro. Vai a pé ou de transportes ou liga a um amigo a dizer que essa é a tua condição de ida. Normalmente o sentimento de pena obriga-o a oferecer boleia. Para o regresso aconselho-te a treinar a cara do Gato das Botas (o do Shrek II) para não parecer duvidoso nunca teres veículo próprio. Podes também criar uma história absurdo-fantástica como por exemplo, que tinhas um macaco em vez do pneu quando chegaste a garagem e como tal tiveste que vir " com o Armando, um a pé e outro andando."

Mendigo de Paço d'Arcos
Pensavas tu que pedir esmola era coisa do passado. É um acto puramente in vogue. O Mendigo de Paço D'Arcos é um jovem com ar de estrangeiro que nos conta a bela história do dia em que foi assaltado e ficou nas lonas, de tal forma, que nem pode ligar aos ricos paizinhos lá na Alemanha para relatar o sucedido. Certo e bem pensas tu, anda cheio de trocos nos bolsos porque todos caímos na lábia do loiro. Experimenta ser mendigo por um dia, não precisas de por um ar totalmente pelintra e cria mais uma vez, uma história absurdo-fantástica. Se o negócio correr bem, expande-o com os teus amigos e pensa na possibilidade de merchandising nos locais habituais, estacionamentos e estações de comboio/metro.

Personaliza a tua vida
Hoje em dia estar na moda é ter acessórios ou peças retros. Para isso, nada melhor do que ir ao baú dos pais. Todos usaram de certeza óculos de sol RayBan, têm peças anos 70 ou 80 que com uns retoques servem para encher a vista. Se em tua casa não há nada disto podes optar por feiras de segunda mão ou ir directamente aos centros de recolha de roupas. É garantido encontrar qualquer coisa moderníssima, mesmo que já seja um tanto quanto jurássica.

Poupa em casa o que podes gastar lá fora
Sabes que nas bibliotecas há internet? Sendo um serviço gratuito mais vale por de parte a ideia de comprar uma internet super mega rápida se a maioria do tempo nem estás em casa a usá-la. Quanto à televisão com 7000 canais diferentes... Qual a utiliade? Exacto, nenhuma. Arregaça as mangas a um estilo de vida irreverente: não à televisão. Assim sendo, a bola e as notícias podes ver no café durante o teu intervalo como mendigo e substituir o serão televisivo por um retiro espiritual ou outra actividade lícita para um efeito de harmonização familiar.

Romance à filme
Mais uma vez recorre ao drama para causa-efeito. O drama de agora é não ter dinheiro para ir jantar com o mais que tudo. A causa é nobre mas o efeito para uma relação pode ser devastadora. Portanto, esquece os restaurantes requintados, pega antes na toalha encarnada de xadrez, no pão que a velhinha te deu durante o teu período mendigo-laboral e junta um termo de chá verde quente que sob um céu estrelado no jardim municipal fazem maravilhas à vida conjugal.

Permuta solidária
Por uma questão de karma, hoje em dia se dás, tens de receber. Não precisas de ficar como um técnico de cobranças mas com jeitinho vais lá. Isto de dar é muito bonito mas há que mostrar à parte interessada que também gostas de ser o reverso da medalha. Assim, todos são mais felizes. Tu dás e eu recebo. Eu recebo e tu dás. E quando deres, opta por qualquer coisa usada, reciclagem jamais será demodé.

Se nada disto resulta para teres uma vida melhor, considera abandonar a tua terra natal e transforma-te num nativo tribal num Bairro bem perto de ti.

Sushi do Dia

A nossa visão só se torna clara quando conseguimos olhar para dentro de nós. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.
Carl Jung

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