Ver para ser vista

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Precisamos de ver mas também precisamos de ser vistas. De acordo com isto, por vezes, temos atitudes dissimuladas. Porque queremos ver, porque queremos ser vistas.
Queremos que falem, queremos que comentem, que lhes chegue aos ouvidos, que façam reparos, que cortem na casaca, que simplesmente falem que fomos vistas cheias de glamour, giríssimas, animadas, bem-dispostas com a vida, etc etc e tal.
Enlvotas nesta peripécia toda consideramos giro ver mas o objectivo mesmo é ser vista. Temos que agarrar o touro pelos ditos e tirar o máximo de partido desta situação. Assim alienamo-nos aos relativos desse alguém que queremos pertubar. Fazemos o necessário: cumprimentamos, metemos conversa, falamos da nossa vida, dizemos piadas, dançamos, enfim sublinhamos aquilo que nos destaca.
Viramos as costas e pensamos: amanhã já está no papo! Ora, esperançosamente o telemóvel há-de tocar. Porque sabe que fui vista. Há-de tocar. Acho que o deixei cair demasiadas vezes...Não toca. Ah, estava sem som. Agora sim vai tocar. TOCOU... Mensagem! Ah é a Antonieta a perguntar como estou. Muito melhor se não me tivesses enviado essa maldita mensagem que me entupiu a rede e todos os acessos ao meu telemóvel. Mas eles viram-me. A esta hora já sabe. As cólicas que não lhe devem ter dado...
Passa um dia. Passam dois. Passa uma semana. Ficamos em silêncio. Na ignorância.
Sim, fomos vistas e então? As pessoas morrem mas ninguém deixa de almoçar por isso.

Sushi do Dia

A nossa visão só se torna clara quando conseguimos olhar para dentro de nós. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.
Carl Jung

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