Poesia no olhar
20:28Cruzei-me contigo num acaso, onde a rua me guiou até ti. Percebi que não tinha sido acidental virar naquela estrada repartida em histórias de encontros perdidos. Ao me cruzar, ficámos parados no tempo. Houve somente um silêncio ensurdecedor. Não falámos. Simplesmente fitámos o nosso olhar por uma eternidade.
Gostei do teu olhar intenso, rude, poético. Foi isso que fascinou.
Peguei nas minhas trouxas e segui caminho. Senti que não valia a pena avançar, fosse por medo, excitação ou desilusão. Movi-me. E tu, não. Ali permaneceste à espera do meu regresso. Quando o tentei fazer, o mundo tinha mudado. As ruas têm nova gente, cheiro a poesia e barulhos campestres. E tu? Será que és o mesmo homem? O teu olhar é o mesmo? Se for, não fiques aí à minha espera, procura-me. Contigo, terei sempre poesia no olhar.