Coulrofobia

21:09

Nariz encarnado. Cara pálida. Sorriso forçado. Não sei qual das três características me apoquenta mais. A primeira recorda-me uma pessoa viciada em vinho tinto. A segunda, alguém que odeia o Sol por natureza. O terceiro, é alguém que não sabe ser genuíno. Seja como for, eu sofro de coulrofobia.
As influências padecem de um denominador comum: o Homem. Reparem, não me refiro ao homem como pessoa adulta do sexo masculino, mas sim, como ser humano em geral.
Há palhaços que o são sem qualquer factor que provoque esse estado. Há palhaços que andam diariamente mascarados mas de teor inofensivo. Há palhaços cujas máscaras não se revelam, a não ser quando, subitamente, te transformas em objecto de gozação.
Em todo o caso, sempre tentei evitar os palhaços. Nunca gostei. Assusta-me a falta de transparência. Assusta-me também a sua necessidade de enganar soberbamente quem os rodeia. Querem fazer rir quando eles próprios não se riem de si.
Ridicularidade da situação: eu vou-te fazer rir da tua figura, mas eu palhaço que sou, não irei rir de mim próprio pois é de mim que parte a piada. Exactamente. De ti. E só tu não percebes isso.
O cerne da questão é muito simples: há pessoas aptas para vestir qualquer papel, mas o de palhaço, só cai bem aos que não têm espelho em casa.

Sushi do Dia

A nossa visão só se torna clara quando conseguimos olhar para dentro de nós. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.
Carl Jung

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