se soubesse o que sei hoje
12:26Não te teria desafiado. Porque quem pergunta o que não deve, ouve o que não quer. Imbui o nosso espírito de concertos espirais, inconstante nas suas regras matemáticas, simplesmente para sermos dois corpos mortos presentes. Adormecemos deitados nas palhas apagadas por um amor mórbido, que nunca cresceu nem quis volver. Num gesto icónico, passas a mão pelo cabelo. Impeles-me um movimento de robótica, giro a cabeça e sorrio de soslaio. Porque se eu soubesse o que sei hoje, teria ignorado a tua presença. Tinha penetrado em caminhos abismais para me afastar do que queima o cérebro e desfaz a alma. Arranjaria a coragem para ver com olhos de ver, em vez de desfrutar deliberadamente de uma cegueira branca.
Agora que já sei, reparto destinos de saídas.