as falas do amor

22:49

Um dia tive um amor. Um desses, dos grandes, que nos arrebata, consome e destrói à medida que perde existência. Absorvi todo esse amor, intensamente, como se não houvesse amanhã. Entreguei-me e deliciei-me nos seus contornos. Contive-me, vivi-o em segredo para o depois explorar com o mundo. Não houve condenação, apenas uma empatia imediata. Crucifiquei-me por não querer há mais tempo partilhar este amor, escancará-lo a toda a gente, espetá-lo na cara dos mais egoístas e fazer prevalecer uma exclamação envaidecida - é meu! Seguiram-se os aplausos, a angústia e a alegria de quem me via passar sorridente.
Porque grandes amores serão sempre motivo de vitória e discórdia. Espoleta em todos sentimentos desenhados com negligência, ninguém fica indiferente às conquistas alheias. Por inveja, vontade, desejo. Todos queremos sentir este poder incomensurável, que alcança sem rasto, como um pingo de neve que tonteia ao sabor do vento, o imaginário de cada um.
Um dia, esse amor dos grandes, corrompeu-me a alma e quis ganhar vida longe do inesperado coração. Quis controlá-lo, prendê-lo, debatê-lo, mas depressa percebi que a liberdade da minha expressão teria muito mais para dar. Transformei esta vaga ideia das palavras num desejo concretizado de aprender a escrever. E ainda hoje, tenho tanto para dizer. 


Sushi do Dia

A nossa visão só se torna clara quando conseguimos olhar para dentro de nós. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.
Carl Jung

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