Afinal filhos de milionários também sabem cantar, não se resignam à prepotência do seu título. Já foi Lizzy Grant, abreviado de Elizabeth, andou entre advogados e entendidos na matéria a definir o melhor nome para o seu estilo. A aparência presa nas décadas de 40 e 50, esta semelhança a Lana Turner inspirou-lhe em conjunto com Ford Del Rey o nascer deste burburinho cibernético que é o seu fenómeno. Lana Del Rey. Sobressai-lhe a voz quente, intensa que emerge nas letras depressivas de amores não correspondidos.
Uma boa maneira de acabar o ano, a enterrar os ditos merecidos.Com um pouco de yayo...
Uma boa maneira de acabar o ano, a enterrar os ditos merecidos.Com um pouco de yayo...
Que tudo acaba, todos sabemos. Que o fim é trágico, fechado, saudosista, também o sabemos. A forma como o encerramos, é à toda para uns, meticulosamente estudado para outros.
Roupa interior azul, doze passas na mão, as castanhas não as pretas, preto é sinal de agoiros, pé direito no chão, pata de coelho numa das mãos, na esquerda de preferência porque é a do coração. Cabeça erguida, peito cheio de ar em casa repleta de ambiente amigável. Energias positivas, vela branca acesa, notas na outra mão, uma de quinhentos, a minha geração.
O meu fim está conforme nas escrituras. Composto por superstições impróprias para ateus, que ainda assim persistem na sua tradição. Não os tenho seguido com a credibilidade requerida para os feitos do ano, daí que não aconteçam. Prefiro manter-me isenta de opiniões alheias e conceitos abstratos. Este ano que somado dá quatro, a numerologia diz que "11:11 significa a ativação de um novo começo". E o que não é o final se não mais do que um começo. Com ou sem passas.
Roupa interior azul, doze passas na mão, as castanhas não as pretas, preto é sinal de agoiros, pé direito no chão, pata de coelho numa das mãos, na esquerda de preferência porque é a do coração. Cabeça erguida, peito cheio de ar em casa repleta de ambiente amigável. Energias positivas, vela branca acesa, notas na outra mão, uma de quinhentos, a minha geração.
O meu fim está conforme nas escrituras. Composto por superstições impróprias para ateus, que ainda assim persistem na sua tradição. Não os tenho seguido com a credibilidade requerida para os feitos do ano, daí que não aconteçam. Prefiro manter-me isenta de opiniões alheias e conceitos abstratos. Este ano que somado dá quatro, a numerologia diz que "11:11 significa a ativação de um novo começo". E o que não é o final se não mais do que um começo. Com ou sem passas.
Correm rumores que um bebé, aquela espécie de gente em miniatura, tentou asfixiar Barack Obama quando este o pegava ao colo. A criança ergue a sua mão em direcção à face do Presidente e tenta deliberadamente cortar toda e qualquer entrada de ar.
A imagem abaixo ilustra o sucedido. Vê-se Obama em pleno sofrimento.
A imagem abaixo ilustra o sucedido. Vê-se Obama em pleno sofrimento.
Peguei na ideia e quis fazer igual, escrever anonimamente em lugares de passagem, mensagens de amor para os que ainda acreditam. E com isto, uma flor.
Ficaram as palavras presas à carta que não viajou, a nenhum lado chegou. Quisera eu espalhar a mensagem mas o José, de Vila Nova de Famalicão, chegou primeiro. Vai fazer um ano que dedica as suas palavras aos estranhos. Bem conheço a sensação, isto de redigir no mural de um blogue é exactamente o mesmo. Um lugar de palavras, de passagem. Entram e saem, levam o que quiserem. Não tenho uma flor para dar, apenas cartas de amor para partilhar.
Do seu crime, componho as minhas palavras: a paixão é Internet, o amor é blogue.
Sinal de alarme.
Ficaram as palavras presas à carta que não viajou, a nenhum lado chegou. Quisera eu espalhar a mensagem mas o José, de Vila Nova de Famalicão, chegou primeiro. Vai fazer um ano que dedica as suas palavras aos estranhos. Bem conheço a sensação, isto de redigir no mural de um blogue é exactamente o mesmo. Um lugar de palavras, de passagem. Entram e saem, levam o que quiserem. Não tenho uma flor para dar, apenas cartas de amor para partilhar.
Do seu crime, componho as minhas palavras: a paixão é Internet, o amor é blogue.
Sinal de alarme.
Pitchfork: Christy once told me that she immediately knew "Skinny Love" was about her when you first sang it to her. It took you a while to mention people like Christy-- and especially your ex Sara Emma Jensen-- in public. What made you able to talk about it?
JV: I'm not afraid to talk about it, but how do you guarantee it's accurate? To say that "Skinny Love" is about Christy would not be entirely accurate. We dated and she's an incredibly important person that I lived with for a long time, but it's about that time in a relationship that I was going through; you're in a relationship because you need help, but that's not necessarily why you should be in a relationship. And that's skinny. It doesn't have weight. Skinny love doesn't have a chance because it's not nourished.
Toda a entrevista aqui.
Um dia tive um amor. Um desses, dos grandes, que nos arrebata, consome e destrói à medida que perde existência. Absorvi todo esse amor, intensamente, como se não houvesse amanhã. Entreguei-me e deliciei-me nos seus contornos. Contive-me, vivi-o em segredo para o depois explorar com o mundo. Não houve condenação, apenas uma empatia imediata. Crucifiquei-me por não querer há mais tempo partilhar este amor, escancará-lo a toda a gente, espetá-lo na cara dos mais egoístas e fazer prevalecer uma exclamação envaidecida - é meu! Seguiram-se os aplausos, a angústia e a alegria de quem me via passar sorridente.
Porque grandes amores serão sempre motivo de vitória e discórdia. Espoleta em todos sentimentos desenhados com negligência, ninguém fica indiferente às conquistas alheias. Por inveja, vontade, desejo. Todos queremos sentir este poder incomensurável, que alcança sem rasto, como um pingo de neve que tonteia ao sabor do vento, o imaginário de cada um.
Um dia, esse amor dos grandes, corrompeu-me a alma e quis ganhar vida longe do inesperado coração. Quis controlá-lo, prendê-lo, debatê-lo, mas depressa percebi que a liberdade da minha expressão teria muito mais para dar. Transformei esta vaga ideia das palavras num desejo concretizado de aprender a escrever. E ainda hoje, tenho tanto para dizer. ♥
Porque grandes amores serão sempre motivo de vitória e discórdia. Espoleta em todos sentimentos desenhados com negligência, ninguém fica indiferente às conquistas alheias. Por inveja, vontade, desejo. Todos queremos sentir este poder incomensurável, que alcança sem rasto, como um pingo de neve que tonteia ao sabor do vento, o imaginário de cada um.
Um dia, esse amor dos grandes, corrompeu-me a alma e quis ganhar vida longe do inesperado coração. Quis controlá-lo, prendê-lo, debatê-lo, mas depressa percebi que a liberdade da minha expressão teria muito mais para dar. Transformei esta vaga ideia das palavras num desejo concretizado de aprender a escrever. E ainda hoje, tenho tanto para dizer. ♥
Desde miúda que gosto de filmes de acção, de filmes com heróis. Gosto dos vilões e da forma como no final são sempre derrubados. Apaixono-me em particular pela personagem misteriosa, de vida dupla, bonzinho, sofredor no seu mundo que ninguém compreende e não pode partilhar, e cujos poderes aumentam à medida do volume da música.
Esta ideia recorrente da psicanálise, das mulheres serem salvas por terceiros, vem de longe. Querermos ser salvas. Não se percebe bem do quê, mas de facto, fascina a muitas, um herói que rompa pelo cenário adentro, capa voadora e espada em punho, e pimba. Estamos safas.
Mas na verdade isto não acontece. Caímos e levantamo-nos sozinhas. Mas ainda bem que depois surgem filmes como este, com grandes actores, para nos fazerem sonhar...
Esta ideia recorrente da psicanálise, das mulheres serem salvas por terceiros, vem de longe. Querermos ser salvas. Não se percebe bem do quê, mas de facto, fascina a muitas, um herói que rompa pelo cenário adentro, capa voadora e espada em punho, e pimba. Estamos safas.
Mas na verdade isto não acontece. Caímos e levantamo-nos sozinhas. Mas ainda bem que depois surgem filmes como este, com grandes actores, para nos fazerem sonhar...
Em 2012 faço 28.
Em 2012 vou estar novamente desempregada.
Em 2012 vou ter um projecto editorial com uma grande amiga.
Em 2012 faço uma tatuagem.
Em 2012 vou continuar solteira para o desgosto da minha mãe.
Em 2012 vou ganhar.
Em 2012 vou perder.
Em 2012 graças ao PT do ginásio vou passar a ter mais anos de vida.
Em 2012 vou falar com estranhos.
Em 2012 vou viajar sozinha.
Em 2012 vou rir.
Em 2012 vou cantar.
Em 2012 vou fazer um documentário.
Em 2012 vou abrir uma padaria.
Em 2012 o mundo não vai acabar.
Em 2012 vamos passar fome.
Em 2012 vamos roubar porque os políticos também roubam e nada lhes acontece.
Em 2012 vamos fazer aquilo que sempre fizemos.
Em 2012 vou doar.
Em 2012 vou aos Jogos Olímpicos.
Em 2012 vou dizer sim.
Em 2012 vou estar novamente desempregada.
Em 2012 vou ter um projecto editorial com uma grande amiga.
Em 2012 faço uma tatuagem.
Em 2012 vou continuar solteira para o desgosto da minha mãe.
Em 2012 vou ganhar.
Em 2012 vou perder.
Em 2012 graças ao PT do ginásio vou passar a ter mais anos de vida.
Em 2012 vou falar com estranhos.
Em 2012 vou viajar sozinha.
Em 2012 vou rir.
Em 2012 vou cantar.
Em 2012 vou fazer um documentário.
Em 2012 vou abrir uma padaria.
Em 2012 o mundo não vai acabar.
Em 2012 vamos passar fome.
Em 2012 vamos roubar porque os políticos também roubam e nada lhes acontece.
Em 2012 vamos fazer aquilo que sempre fizemos.
Em 2012 vou doar.
Em 2012 vou aos Jogos Olímpicos.
Em 2012 vou dizer sim.
Ainda que seja criticado, ainda que seja fraco, ainda que não tenha diálogos, ainda que seja exagerado, ainda que tenha - como dissera antes a densidade de Ryan - ainda assim tem a melhor banda sonora dos últimos tempos.
Já tenho as luvas.
Só me faltam as músicas.
Olá Irina. ou Mekiê Shayk...
como tens passado?
Vi-te há uns dias numa revista, ias com o vestido rasgado.
Ou dirias antes que se trata de um efeito,
sagrado.
Seja como for quero-te agradecer porque faz um ano que te via em palhas deitada pelas ruas da cidade e ao colocar, invejosamente, as tuas imagens no meu espaço de divagação, as visitas não param.
Desejo te quilos a mais neste natal.
Beijinhos querida.
como tens passado?
Vi-te há uns dias numa revista, ias com o vestido rasgado.
Ou dirias antes que se trata de um efeito,
sagrado.
Seja como for quero-te agradecer porque faz um ano que te via em palhas deitada pelas ruas da cidade e ao colocar, invejosamente, as tuas imagens no meu espaço de divagação, as visitas não param.
Desejo te quilos a mais neste natal.
Beijinhos querida.
E ao Piero também.
A falta de produtividade nunca deve ter sido uma questão para a Disney. Saltam talentos como pipocas. Ainda que as cordas vocais não se tenham estendido, Ryan Gosling, escapou à histeria da adolescência excessiva como a de Justin Timberlake ou Britney Spears, para se revelar na sua densidade.
Confesso ter visto mais do que uma vez The Notebook, simplesmente pelo seu desempenho. A meu ver a escolha das suas personagens tem sido madura e cautelosa, conferindo sempre um lado intenso, obscuro e sincero. Foi assim que o vi em Blue Valentine, um filme nu sobre as possibilidades reais do amor, um contra-peso a Notebook, lamechas e Nicholas Spark como adjectivo. Mas na verdade, ouvi-lo cantar com essa mesma densidade foi algo que me escapou até me deparar com as comparações a Nick Cave ou Tom Waits.
A morbidez da sonoridade bem como as palavras que compõe toda a panóplia musical dele e do seu amigo de infância, remete-me a pensamento dignos de Virgens Suicidas. Dead Man's Bones. ♥
Confesso ter visto mais do que uma vez The Notebook, simplesmente pelo seu desempenho. A meu ver a escolha das suas personagens tem sido madura e cautelosa, conferindo sempre um lado intenso, obscuro e sincero. Foi assim que o vi em Blue Valentine, um filme nu sobre as possibilidades reais do amor, um contra-peso a Notebook, lamechas e Nicholas Spark como adjectivo. Mas na verdade, ouvi-lo cantar com essa mesma densidade foi algo que me escapou até me deparar com as comparações a Nick Cave ou Tom Waits.
A morbidez da sonoridade bem como as palavras que compõe toda a panóplia musical dele e do seu amigo de infância, remete-me a pensamento dignos de Virgens Suicidas. Dead Man's Bones. ♥
Não te teria desafiado. Porque quem pergunta o que não deve, ouve o que não quer. Imbui o nosso espírito de concertos espirais, inconstante nas suas regras matemáticas, simplesmente para sermos dois corpos mortos presentes. Adormecemos deitados nas palhas apagadas por um amor mórbido, que nunca cresceu nem quis volver. Num gesto icónico, passas a mão pelo cabelo. Impeles-me um movimento de robótica, giro a cabeça e sorrio de soslaio. Porque se eu soubesse o que sei hoje, teria ignorado a tua presença. Tinha penetrado em caminhos abismais para me afastar do que queima o cérebro e desfaz a alma. Arranjaria a coragem para ver com olhos de ver, em vez de desfrutar deliberadamente de uma cegueira branca.
Agora que já sei, reparto destinos de saídas.
Agora que já sei, reparto destinos de saídas.
Chocolatier. nhamiii |
A Tandy morreu. Nem me lembro da última vez que lhe fiz uma festinha, ou me deitei em cima dela por achar que era o meu enorme e vivo peluche. Pachorrenta e mimada. Não era minha, era dos meus tios. Fazia parte da casa.. Sem mais nem menos, foi-se.
Há céu para cães? Certamente que haverá, e certamente que a Tandy foi para lá. Só porque é mais reconfortante pensar assim.
Freesurf. Maria Abecassis. E já que o dia está tão feio, a praia reina nos meus grãos de areia cerebrais.
Ricardo Bravo. Surf Portugal. |
Minjae Lee, artista sul coreana, expressa os seus distúrbios de forma tão criativa que ninguém fica indiferente perante a sua obra. O poder das cores, o justo contra ponto de beleza, inocência e fragilidade das pinceladas, transformam os sentimentos profundos numa tela falante e movimentada. Eu bem digo que a criatividade e a arte andam de mãos dadas à terapia...
Dou por mim rodeada de pessoas a arfar. Já tinha dito isto aqui, mas tinha definido como suspiro. Às tantas é mais intenso e fustigante do que o suspiro. Só pode ser. Mas que arfam, arfam. Porque o fazem tanto neste escritório? Será contagioso?
Amanhã venho de máscara.
Amanhã venho de máscara.
O corrupio de pessoas foi-se abaixo. Pensava que tinha visto mais, bem mais, pelo menos na sexta-feira éramos mais que muitos. Talvez tenhamos ficado concentrados no Tivoli, a deprimir com Dead Combo enquanto aguardávamos por James Blake. Oh Land foi o que faltou, isso mesmo, um pouco mais de land para cabermos todos ali naquela sala onde se desgarrava uma voz inconfundível. No metro os Doismileoito mereciam um pouco mais de curiosos, ainda assim, juntos balançámos o corpo para lhes aquecer a alma.
E desta não me faltou o passeio no autocarro da Carris, ao som de Os Velhos. Tudo ao rubro. De lamentar a falta de chá de um público culto e de meninos mimados, que não sabem o que é um concerto e fazem prevalecer conversas de café e trocas de mensagens.
Ainda assim, nota positiva para o Vodafone Mexefest.
Para o ano, apesar das crises, certamente que haverá mais.
E desta não me faltou o passeio no autocarro da Carris, ao som de Os Velhos. Tudo ao rubro. De lamentar a falta de chá de um público culto e de meninos mimados, que não sabem o que é um concerto e fazem prevalecer conversas de café e trocas de mensagens.
Ainda assim, nota positiva para o Vodafone Mexefest.
Para o ano, apesar das crises, certamente que haverá mais.
Faltam as luzes. A Câmara de Lisboa não fez essa despesa e a avenida está despida, apagada. Excepto pelo formigueiro que sobe e desce entre Teatro Tivoli e Casa do Alentejo, Maxim e outros pedaços de cultura presentes. Por toda a parte ecoam vozes, concertos frenéticos, um chão que estremece com as bandas subterrâneas. PAUS aceleram as linhas do metro estagnadas pela enchente, enquanto A banda mais bonita da cidade contagia com boas vibrações o público, receptivo neste primeiro concerto em Portugal, pejado de humildade. Por outro lado, há transferências espaciais na assinatura de Junior Boys, por momentos aterramos no ambiente do Lux, convite directo à dança oscilante dos mais atrevidos. Nem um pouco de salero fica em falta com Bebe LaBellota a apregoar ao público mexilhão no entiendo un coño. Apanha-se a constante boleia das fanfarras que percorrem a avenida, ânimo ressuscitado nesta velha alma alfacinha.
E se há crise neste país, só as notícias o vendem. Os queridos pais continuam a alimentar vãs esperanças aos filhos que nesta vida tudo se consegue à primeira sem esforço. Poucos os que pagam pelo bilhete próprio, ou então, serei apenas eu com o peso da idade nas pernas.
E se há crise neste país, só as notícias o vendem. Os queridos pais continuam a alimentar vãs esperanças aos filhos que nesta vida tudo se consegue à primeira sem esforço. Poucos os que pagam pelo bilhete próprio, ou então, serei apenas eu com o peso da idade nas pernas.
A cena indie pop rock entra de rompante pela avenida. Prevejo uma noite de liberdade inquietante, entre sons comprometedores, fait-divers a brotarem de notas musicais, novas paixões e a quebra de outras. Provavelmente amanhã terei mais para dizer. O meu primeiro e único festival do ano. Vodafone Mexefest. Bons sapatos me calçam.