o alemão

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«Deus é grande, mas o negócio está escuro» (creio que fora qualquer coisa deste género que Seu Zé profetizou sobre a vida no Complexo). Escuro fica o documentário, um pouco perdido entre um trabalho jornalístico e um projecto cinematográfico. A potencialidade de três anos de vida dos irmãos Patrocínio, na favela mais violenta do Rio de Janeiro, peca pela superficialidade com que olha para a vida das pessoas na comunidade. A fotografia é excelente, no entanto, ao sair do cinema pairavam questões na minha cabeça. Que bem traz MC Playboy à comunidade? Como é que a sua música ajuda na evolução? Como não é assaltado, esbanjando os seus quilates ao peito e cachuchos nos dedos? Quem são, afinal, os maus da fita? E porque não revelar por imagens (caso as tivessem, sempre são três anos naquele lugar) do que aconteceu a cada um dos intervenientes no documentário? Um enredo real que poderia ter trazido mais riqueza à obra. Assim, fica-se pelo desenxabido.
Faz por estes dias, um ano que embarquei para o Rio de Janeiro. As imagens do documentário, em conjunto com a banda sonora, tornaram a minha presença física. Senti os cheiros quer dos fritos quer do próprio calor, a sujidade nos pés, o suor constante... Alegro-me por ver os portugueses a evoluir nos seus trabalhos, a conquistar mercado. E, fico, particularmente interessada, de como certas habilidades artísticas se transformam em verdadeiros fenómenos, enchendo salas de cinema...

Sushi do Dia

A nossa visão só se torna clara quando conseguimos olhar para dentro de nós. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.
Carl Jung

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