Do lado errado

12:13

Quantas vezes sentimos empatia por alguém? Quantas vezes nos deixamos levar, ingenuamente, por essa empatia?
As mulheres são muito vulneráveis, ingénuas até. Pensava que não. Pensava que chegaria a uma idade e que tudo fosse mais simples de interpretar. Dou por mim a observar alguém em queda livre como se nunca o tivesse feito, com a mesma fragilidade de outrora. Continua a ser fácil.
O que nos torna assim tão vulneráveis?
É o lado físico.
É o lado intelectual.
Ambos.
A necessidade de ter alguém não nos torna pessoas em alerta, atenta aqueles sinais evidentes do que se passa ao nosso redor, porque o querer é tanto que não vemos. Mas as evidências estão sempre presentes. Ficamos dias a magicar sobre as futuras possibilidades que, a ver vamos, raramente chegam. Ficamos agarradas a vãs esperanças. Sonhamos com o momento que se pode concretizar. Levamos tempo, demasiado tempo a ver a realidade.
O medo da solidão atropela a nossa racionalidade. Não há que temer a solidão, uma pessoa que saiba ver a realidade jamais estará só. A pessoa que se ilude, que vê o que não existe e acredita nisso, mais dia menos dia acaba por sentir uma solidão imensa. Primeiro a da queda desamparada. Depois a de não concretizar algo que tanto queria. No fim, sente-se mal por não ter visto o que deveria.
Mas todas continuamos frágeis. Temos estes fantasmas constantes. Este lado errado, o lado de querer, que nos engana magistralmente. Aquele lado que faz os homens perceber que estamos nas suas mãos e nos atiram como dados na mesa de jogos.

A todas dedico esta música. Excelente letra para pensar sobre o assunto. As cinzas de um homem. A morte como o vazio da queda desamparada.
As primeiras estrofes são perfeitas.

Sushi do Dia

A nossa visão só se torna clara quando conseguimos olhar para dentro de nós. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.
Carl Jung

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