Cornucópias ao ar

14:17

Deito-me naquele capim já seco pelo calor do Verão. Ao fundo, oiço o encontro forçado entre as ondas e a areia suave que tanto espera pelo mergulho. Estou de calções e um top, a pele ainda salgada e os cabelos desorientados estendidos pelo cenário amarelado. Rio-me sozinha, entorpecida pelo cheiro da ganza que ele insiste em fumar para sentir o por do sol. Sinto-me dentro de uma cornucópia, em desenhos geométricos que se encaixam com ele. Rio-me e agradeço-lhe. Ele não percebe. Levanta-se e corre pela praia deserta vestindo a pele de Forrest Gump. Mas em vão. Mais parece uma gazela de pernas bambas. Não as sabe controlar naquele movimento sincronizado de um por um pé à frente do outro. Cai, de novo, ao meu lado, por mim.
Ali fico. Dourada ao sabor do sol. A noite vai caindo. A revolução lá no outro lado do mundo e eu com ele, a viver a insígnia de paz e amor naquele cenário que criámos a partir de uma substância ilícita.
A noite derrete. E nós, nos braços um do outro, fluímos.

*escrito ao som de Nightfall de Robert Francis

Sushi do Dia

A nossa visão só se torna clara quando conseguimos olhar para dentro de nós. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.
Carl Jung

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