Não se entende ou pelo menos não se consegue entender. A parte em que não ficou claro, aquela em que se dizem determinadas coisas sem se sentir e assim se criam esperanças ridículas. No vazio. Porque depois no fundo, ali não há nada mais do que um encontro de dois corpos à procura de satisfação.
Não se entende porque complica, porque se quer mais do que aquilo. Porque no fundo o que sabia bem era dar continuidade a estes encontros mas as variáveis constantes são tantas que a matemática fica confusa com a equação.
Já não é suficiente. É o que sei nesta altura. Só não entendo porque do outro lado se estipulam regras sem nunca dar a mínima hipótese. Eu dou a máxima. Tenho muito mais a perder, e ainda assim, sei que vale a pena. O mais engraçado é que quando lanço um segundo olhar à equação, também dou as minhas regras. O mundo era tão mais simples nestes parâmetros: mais com mais dá mais. E o problema aqui é que se discute qual de nós dá o mais.
Não se entende porque complica, porque se quer mais do que aquilo. Porque no fundo o que sabia bem era dar continuidade a estes encontros mas as variáveis constantes são tantas que a matemática fica confusa com a equação.
Já não é suficiente. É o que sei nesta altura. Só não entendo porque do outro lado se estipulam regras sem nunca dar a mínima hipótese. Eu dou a máxima. Tenho muito mais a perder, e ainda assim, sei que vale a pena. O mais engraçado é que quando lanço um segundo olhar à equação, também dou as minhas regras. O mundo era tão mais simples nestes parâmetros: mais com mais dá mais. E o problema aqui é que se discute qual de nós dá o mais.
O que os outros fazem dentro de casa, é-me indiferente. Aceito a homossexualidade não como uma doença ou mal estar social, mas como um gosto. E efectivamente, os gostos não se discutem. Nunca nada disto me perturbou, até ontem.
"Foder e ir às Compras" é o nome da peça. Acalmada pelas críticas, confirmo de que realmente, os actores* são excepcionais. De tal maneira que baixar as calças em cena ou representar actos sexuais entre pessoas do mesmo sexo, sendo neste caso, homem com homem, ali pele a pele me deixou totalmente constrangida. Ri-me com os discursos sob efeito do ópio mas também tive a capacidade de soltar o risinho nervoso perante as situações de intimidade.
Eu que me achava avant garde, senti-me hipócrita por me afligir com aquilo que vi a ser representado. Incomodou-me. Depois disto, lá se vai a minha mente aberta. Muito honestamente, os traseiros masculinos terão um todo novo significado depois de "Foder e ir às Compras."
*Gabo-lhes postura séria que tiveram no aplauso final
"Foder e ir às Compras" é o nome da peça. Acalmada pelas críticas, confirmo de que realmente, os actores* são excepcionais. De tal maneira que baixar as calças em cena ou representar actos sexuais entre pessoas do mesmo sexo, sendo neste caso, homem com homem, ali pele a pele me deixou totalmente constrangida. Ri-me com os discursos sob efeito do ópio mas também tive a capacidade de soltar o risinho nervoso perante as situações de intimidade.
Eu que me achava avant garde, senti-me hipócrita por me afligir com aquilo que vi a ser representado. Incomodou-me. Depois disto, lá se vai a minha mente aberta. Muito honestamente, os traseiros masculinos terão um todo novo significado depois de "Foder e ir às Compras."
*Gabo-lhes postura séria que tiveram no aplauso final
Já passei à frente na fila com grande moral - vem da parte de quem? da sua - e já apaguei momentos no meu cérebro para poder avançar com a minha vida. Saltei perguntas em exames, perdi eventos para ir a outros, saltei de uns braços para os do lado, passei à frente no trânsito, infiltrei-me nas frentes de ataque dos concertos e digo shotgun na banana de três lugares no Malibu em Montargil. Melhor ainda, sou sempre a primeira a dar a volta em mono nas águas espelhadas da barragem. Sempre passei à frente consoante os meus critérios e valores, acima de tudo com respeito e por vezes, com excesso de lábia.
Por agora não ando à frente de nada, não sou a primeira a chegar nem a última. Estou numa posição sem destaque, presa num marasmo que parece avançar mas quando me cai a ficha, estou exactamente no mesmo lugar. Sempre tive a audácia de quebrar com ritmos mais convencionais, ser ambiciosa, de lutar por saber que vou ter o que anseio. E aqui estou, emoldurada em trajes de Xena, de arma em punho à espera de acção para me colocar em vantagem. Ao invés disso, a fila não anda, a barraca não abana, zero de emoção e levo com mais uma rejeição profissional.
Penso que é a única área da minha vida que estou a anos luz de concretizar. Não por falta de vontade, de dedicação ou possível desistência da minha parte. É o único lugar no qual não posso passar à frente. E agora? Daqui nem vejo quem vai em primeiro... Shit!
Por agora não ando à frente de nada, não sou a primeira a chegar nem a última. Estou numa posição sem destaque, presa num marasmo que parece avançar mas quando me cai a ficha, estou exactamente no mesmo lugar. Sempre tive a audácia de quebrar com ritmos mais convencionais, ser ambiciosa, de lutar por saber que vou ter o que anseio. E aqui estou, emoldurada em trajes de Xena, de arma em punho à espera de acção para me colocar em vantagem. Ao invés disso, a fila não anda, a barraca não abana, zero de emoção e levo com mais uma rejeição profissional.
Penso que é a única área da minha vida que estou a anos luz de concretizar. Não por falta de vontade, de dedicação ou possível desistência da minha parte. É o único lugar no qual não posso passar à frente. E agora? Daqui nem vejo quem vai em primeiro... Shit!
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
Tenho tantas semelhanças com o TopoGigio mas esta é, sem dúvida, a melhor: viajar!
Vou arrumar a mala, fica ali no cantinho do quarto à espera do próximo voo. E está tão próximo... oba!
Vou arrumar a mala, fica ali no cantinho do quarto à espera do próximo voo. E está tão próximo... oba!
Deito-me naquele capim já seco pelo calor do Verão. Ao fundo, oiço o encontro forçado entre as ondas e a areia suave que tanto espera pelo mergulho. Estou de calções e um top, a pele ainda salgada e os cabelos desorientados estendidos pelo cenário amarelado. Rio-me sozinha, entorpecida pelo cheiro da ganza que ele insiste em fumar para sentir o por do sol. Sinto-me dentro de uma cornucópia, em desenhos geométricos que se encaixam com ele. Rio-me e agradeço-lhe. Ele não percebe. Levanta-se e corre pela praia deserta vestindo a pele de Forrest Gump. Mas em vão. Mais parece uma gazela de pernas bambas. Não as sabe controlar naquele movimento sincronizado de um por um pé à frente do outro. Cai, de novo, ao meu lado, por mim.
Ali fico. Dourada ao sabor do sol. A noite vai caindo. A revolução lá no outro lado do mundo e eu com ele, a viver a insígnia de paz e amor naquele cenário que criámos a partir de uma substância ilícita.
A noite derrete. E nós, nos braços um do outro, fluímos.
*escrito ao som de Nightfall de Robert Francis
Ali fico. Dourada ao sabor do sol. A noite vai caindo. A revolução lá no outro lado do mundo e eu com ele, a viver a insígnia de paz e amor naquele cenário que criámos a partir de uma substância ilícita.
A noite derrete. E nós, nos braços um do outro, fluímos.
*escrito ao som de Nightfall de Robert Francis
*cortesia i can read
Quantas vezes sentimos empatia por alguém? Quantas vezes nos deixamos levar, ingenuamente, por essa empatia?
As mulheres são muito vulneráveis, ingénuas até. Pensava que não. Pensava que chegaria a uma idade e que tudo fosse mais simples de interpretar. Dou por mim a observar alguém em queda livre como se nunca o tivesse feito, com a mesma fragilidade de outrora. Continua a ser fácil.
O que nos torna assim tão vulneráveis?
É o lado físico.
É o lado intelectual.
Ambos.
A necessidade de ter alguém não nos torna pessoas em alerta, atenta aqueles sinais evidentes do que se passa ao nosso redor, porque o querer é tanto que não vemos. Mas as evidências estão sempre presentes. Ficamos dias a magicar sobre as futuras possibilidades que, a ver vamos, raramente chegam. Ficamos agarradas a vãs esperanças. Sonhamos com o momento que se pode concretizar. Levamos tempo, demasiado tempo a ver a realidade.
O medo da solidão atropela a nossa racionalidade. Não há que temer a solidão, uma pessoa que saiba ver a realidade jamais estará só. A pessoa que se ilude, que vê o que não existe e acredita nisso, mais dia menos dia acaba por sentir uma solidão imensa. Primeiro a da queda desamparada. Depois a de não concretizar algo que tanto queria. No fim, sente-se mal por não ter visto o que deveria.
Mas todas continuamos frágeis. Temos estes fantasmas constantes. Este lado errado, o lado de querer, que nos engana magistralmente. Aquele lado que faz os homens perceber que estamos nas suas mãos e nos atiram como dados na mesa de jogos.
A todas dedico esta música. Excelente letra para pensar sobre o assunto. As cinzas de um homem. A morte como o vazio da queda desamparada.
As primeiras estrofes são perfeitas.
As mulheres são muito vulneráveis, ingénuas até. Pensava que não. Pensava que chegaria a uma idade e que tudo fosse mais simples de interpretar. Dou por mim a observar alguém em queda livre como se nunca o tivesse feito, com a mesma fragilidade de outrora. Continua a ser fácil.
O que nos torna assim tão vulneráveis?
É o lado físico.
É o lado intelectual.
Ambos.
A necessidade de ter alguém não nos torna pessoas em alerta, atenta aqueles sinais evidentes do que se passa ao nosso redor, porque o querer é tanto que não vemos. Mas as evidências estão sempre presentes. Ficamos dias a magicar sobre as futuras possibilidades que, a ver vamos, raramente chegam. Ficamos agarradas a vãs esperanças. Sonhamos com o momento que se pode concretizar. Levamos tempo, demasiado tempo a ver a realidade.
O medo da solidão atropela a nossa racionalidade. Não há que temer a solidão, uma pessoa que saiba ver a realidade jamais estará só. A pessoa que se ilude, que vê o que não existe e acredita nisso, mais dia menos dia acaba por sentir uma solidão imensa. Primeiro a da queda desamparada. Depois a de não concretizar algo que tanto queria. No fim, sente-se mal por não ter visto o que deveria.
Mas todas continuamos frágeis. Temos estes fantasmas constantes. Este lado errado, o lado de querer, que nos engana magistralmente. Aquele lado que faz os homens perceber que estamos nas suas mãos e nos atiram como dados na mesa de jogos.
A todas dedico esta música. Excelente letra para pensar sobre o assunto. As cinzas de um homem. A morte como o vazio da queda desamparada.
As primeiras estrofes são perfeitas.