Somos mesmo emancipadas
11:49Eis a questão, porquê continuar a avaliar uma mulher simplesmente pelo seu aspecto exterior?
Longe vai o tempo em que se criou o primeiro concurso de Miss Mundo, Miss Universo (e neste caso costumam aparecer concorrentes intergalácticas) Miss de Qualquer País, entre muitos outros. Acho que sou forçada a concordar com Tolstoi quando escreveu sobre a Falsa Emancipação da Mulher, em que "actualmente, tem-se a pretensão de que a mulher é respeitada. Uns cedem-lhe o lugar, apanham-lhe o lenço: outros reconhecem-lhe o direito de exercer todas as funções, de tomar parte na administração, etc.; mas a opinião que têm dela é sempre a mesma - um instrumento de prazer. "
O que se passa pela cabeça dessas senhoras e aqui coloca-se a questão se é que têm cérebro, de participarem em concursos tão machistas? A mulher vence pelas pernas bem desenhadas, o peito espevitado, a bunda de aço e muita inteligência por responderem à célebre pergunta "o que faria para mudar o mundo?". Nem sei como é que estas senhoras não estão sentadas no Parlamento a discutir o PIB, o aumento exacerbado do petróleo e por aí adiante...
E quando digo, que sou forçada a concordar com Tolstoi, é porque nos consideramos emancipadas por ter conquistado um lugar no autocarro (além de negra, era mulher), por termos direito de voto, por assumirmos cargos dominados por um mundo masculino, por práticas desportivas grandiosamente másculas, quando no fundo, não deixamos de ser um instrumento de prazer aos olhos dos homens: quem não aprecia uma mulher vestida de executiva? Aposto que a saia travada dá a volta a muitos...
Não posso deixar de dar os parabéns a Miss Universo 2008, da Venezuela, uma miúda de 22 anos, que por sinal não é travesti.
Querem melhor prova do instrumento de prazer que é a Dayana? Fica aqui um excerto da AFP.
"Dayana Mendoza, de 1,78 m, vestia um longo amarelo e explodiu em lágrimas ao ouvir anunciado seu nome no elegante balneário do sul vietnamita.
A Miss Venezuela era a favorita, além disso, dos apostadores no site www.bookmaker.com.
A nova Miss Universo sucede no trono à japonesa Riyo Mori, Miss Universo 2007, e foi aplaudida ao responder a uma pergunta sobre a diferença entre homens e mulheres.
"Os homens pensam que o caminho mais rápido entre um ponto e outro é a linha reta. As mulheres sabem que a forma mais rápida de chegar à meta é ziguezagueando", respondeu Dayana Mendoza, que aspira a ser decoradora de interiores."
(De certeza que já arranjou emprego).
Genial!
Só um à parte, o concurso este ano foi no Vietname. Um país comunista. Um aplauso às mulheres que conquistam o Universo.
Ah... Outro à parte: Portugal já não tem Miss! Ao menos nisso somos pioneiros.