Reinam como lantejoulas e plumas nas festas exuberantes de F. Scott Fitzgeral em The Great Gatsby as críticas a esta quinta adaptação da obra literária ao cinema. Pecam pelo pouco substrato, pecam pelo arrojo da banda sonora, típica de Baz Luhrmann como lhe conhecemos pela arte do mesmo actor Leonardo Di Caprio, anos antes, em Romeu e Julieta. Seja como for, eu adversa às críticas porque nada acrescentam, creio ter visto um filme em júblio com um elenco de luxo e vívido. Até porque a obra de Fitzgerald não sendo original em conteúdo - todos já conhecemos o amor do pobre pelo rico - e como em qualquer escrita, jamais a eloquência de uma gramática, a dança da sintaxe e o ritmo jazzy (ou Jay Z) das frases poderá ser colocado em tela e isso inquieta-me a alma. Serei a única a alcançar tal feito?
Recordo-me daquela onda perfeita, direita a nós. Uma parede de água que sobe pelo horizonte acima e me dizes "rema, rema, rema" com voracidade e o meu pequeno corpo se transforma numa lontra obesa que não sabe sair do lugar. "Para a próxima rema quando eu te disser...", dizes-me num tom imperioso. E eu, lá focada no inconstante mar, me sento na prancha em exercícios inconsequentes de pilates, força e equilíbrio penso eu, realmente devia ter dado mais atenção às aulas de pilates, lá me consigo estabelecer no poder abdominal e sinto-me vencedora, agora só falta remar, remar quando me ele disser "rema, rema, rema." Ponho-me em posição de ataque, atiro as pernas para trás, contraio qualquer musculo traseiro que possua, lombar curva em sentido contrário ao costume, e remo. "Rema, rema, rema" vem de lá do outside a voz de quem sabe o que diz, e eu ponho-me a jeito para me deixar levar pela onda. É só espuma, mas na minha cabeça consigo imaginar-me em meio metro de água curva, a deslizar em velocidade crescente na grande tábua de passar a ferro. Vai tudo a eito. Até a minha queda por falta de força da onda, porque é espuma, se bem que na minha cabeça concebo ondas do tamanho nazareno, meia desajeitada em pé, que curtido, apanhei uma onda, ai que isto escorrega, será que tenho wax, e a vontade de um bate rabo é maior do que a espuma, lá vou eu, água salgada, engulo uns quantos centilitros, blhec, está salgada e tu ao longe topas-me a léguas, atiras-me com um fixe e remas de novo para o outside, num tom demasiado cool, e eu penso, caramba também quero.
Vamos lá de novo nessa lição, remar, passar as espumas, ondas, paredes de água, set, outside, hang five, hang ten, a crowd e os peixes armados em carapaus de corrida que nos ultrapassam à velocidade do mar, no boomerang do surf.
Vamos lá de novo nessa lição, remar, passar as espumas, ondas, paredes de água, set, outside, hang five, hang ten, a crowd e os peixes armados em carapaus de corrida que nos ultrapassam à velocidade do mar, no boomerang do surf.
Há momentos na vida... Em que apetece pegar, reescrever, redesenhar, refazer, reviver vezes sem conta. Porque de uma forma ou de outra merecem esse nosso esforço de constante perfeição. Há momentos na vida que só fazem sentido a dois, lado a lado, frente a frente. Para suportar os altos, os baixos, os médios e intermédios. Tudo o que possa consentir esse espaço temporal de divisão em dois. Porque dois é melhor, mais que perfeito. Onde damos o tudo por tudo, o nada como garantido, o amanhã futuro. Sonhos, momentos, ambivalências. Projectamos o que em nós escondemos, sem pudor e vamos nessa onda rodada alternando movimentos sincronizados, em que amar é a constante linha paralela.
Depois... depois perco-me nas minhas próprias palavras, embrulho-me nelas pois o desejo de permanecer aqui, colada a ti, é insano, sadio. Mantenho-me imóvel apenas a sentir o que me fazes sentir. Resume-se a este bater de coração vagaroso, de sangue bom, bombeado para cada pedaço do meu corpo a amar o teu.
Epifanias de quem ama ou simplesmente o mais puro de todos os momentos. O meu lado e o teu.
Depois... depois perco-me nas minhas próprias palavras, embrulho-me nelas pois o desejo de permanecer aqui, colada a ti, é insano, sadio. Mantenho-me imóvel apenas a sentir o que me fazes sentir. Resume-se a este bater de coração vagaroso, de sangue bom, bombeado para cada pedaço do meu corpo a amar o teu.
Epifanias de quem ama ou simplesmente o mais puro de todos os momentos. O meu lado e o teu.