Miguel Portas, nas palavras de Paulo Portas, não era piegas. Talvez por mera associação me tenha recordado da única vez que me cruzei com o Miguel, a propósito de um leilão a favor da liberalização do aborto em Portugal. Estava sentada numa mesa redonda acompanhada por outros jornalistas. Na época escrevia para a Lusa como estagiária. Perguntei-lhe provavelmente pelo porquê do sim. Não me lembro da resposta, mas fui levada a viajar nas memórias para descobrir que passamos por pessoas de extrema importância na vida. E nem sempre valorizamos essa experiência.
- Fui pára-quedista quando era mais nova.
- E tu, nunca saltaste?
- Eu não, nunca tive queda para isso.
- E tu, nunca saltaste?
- Eu não, nunca tive queda para isso.
Uma história de amor que ainda não começou. Duas personagens com o intento de se cruzarem algures pelo caminho, mas por enquanto, prendo-me ao panfleto (se é que este conceito ainda existe) que me vende à química e à física indie. E se a cena é independente, tudo aponta a um atirar de cabeça sem consequências à vista. Quem dá mais?
Simples a ideia: uma música para cada dia. A cada dia uma música. E eu, todos os dias, espreito-lhes o blogue para me inteirar das novidades sonoras. Recomendo vivamente, por isso partilho. Uma música para cada dia.
Cortesia Turn on the bright lights |
Memorizem estas imagens, Música no Coração e restantes festivaleiros. A relva caía tão bem no SBSR 2012.
«Fazer jornalismo num jornal já não é só tinta e papel. Tudo o que faço, cada história que dou, está em várias plataformas. Não é invulgar para mim — num só dia — fotografar, filmar, editar vídeo, escrever, actualizar o site, publicar no Twitter e produzir narrativas áudio.»
Sara Ganim, Pulitzer.
Sara Ganim, Pulitzer.
Diria exatamente o mesmo que Driss, matava-me no teu lugar. Vai daí, que até isso, para um tetraplégico, é difícil.
Seria impensável viver dependente de outrem para concretizar as tarefas mais básicas do dia-a-dia. Mas no fundo somos todos dependentes uns dos outros. Essa mensagem sublime, entre as 302 gargalhadas bem dadas ao sabor de Intouchables, foi a que fitou a minha memória. Porque dependemos deles, dos amigos. Dos estranhos que se tornam amigos. Da família, da companhia, da cumplicidade. Da mera presença.
Phillippe, um milionário, após uma queda de parapente nos Alpes, fica imobilizado. E na imprevisibilidade da vida, surge Driss, perito em assaltos, que revela ter os braços e o espírito em falta. O complemento das duas personagens confere uma graciosidade na tela, apelativa até aos mais insensíveis, e em consequência, os surtos de risos amplos numa sala de cinema. Honesto e brutal, liberta a mais tola piada sem nunca deixar de ser tocante. A hábil dança entre o melodrama e a comédia dão origem a cenas brilhantes, acompanhadas por uma fotografia e banda sonora assertiva, onde o dinamismo entre os dois atores - François Cluzet e Omar Sy - transforma as duas horas de película numa narrativa a não perder.
Apenas se lamenta que esta obra-prima se tenha ofuscado pelo seu conterrâneo 'O Artista', demorou demasiado tempo a sair da casca, ainda assim, sempre a tempo para um público ávido por boa disposição. Quiçá, com os Estados Unidos da América atentos ao crescente fenómeno de cinema europeu, os 'Amigos Improváveis' ganhem a merecida visibilidade.
Eu gostava muito de ter fãs, aqui no blogue, nas suas extensões como pinterest e facebook. Mas não tenho. Vocês persistentes são pouquinhos, adoráveis que me vão aturando. Uns mais fiéis do que outros, mea culpa, porque deixei a piada de parte e tornei-me aborrecida. Já tenho vindo a dizer que estou aborrecida, eis que agora já o sou, e como tal não vou tendo um aumento normal de fãs. Porque ninguém gosta de pessoas aborrecidas, para isso já há o ministro Vítor-monocórdico-Gaspar. Mas eu até que gosto dele, consegue fazer adormecer todos quadros no parlamento, acho que é um talento e tanto conseguir isso. Eu não consigo, confesso. Acho difícil vocês adormecerem até ao final desta linha, por exemplo, por estarem sempre à espera de um grande desfecho, que não chega, porque este blogue não acaba, não termina, tem as suas razões de ser e sei que gostam de mim. Fim.
Amigos, dizem eles. E nestas horas deixam-te na mão. Será que este mês podes comer? Será que chega para as migalhas?
Estou descentralizada.Tenho um foco voltado para a lua e outro para a escrita. Alguém aí que seja perito em afinações?