Um céu de arromba, braços largos curiosos como se fossem sufocar a cidade inteira. E sufoca. Brilha, ofusca no alto, reflecte-se na manga azul que rompe Tejo adentro. Os navegadores vão atrapalhados pela branda entrada, a falta de uma ponte e um deserto do outro lado. Aguardam relutantes pela ondulação, não conhecem o sentido estático durante meses a fio. A pele espelha o sol denso penetrante, que sem pedir licença, se alojou células cansadas. No braço esquerdo, ainda que proveniente de outra moda, a pin up tatuada. Falam como vem nos livros, mergulhados na dicção de Camões, ancorados ao passado, mas com arrojo singular para desbravar os tais mares nunca dantes naufragados. Adiantam-se nos passos. Mais à frente, prédios quadrados e largas avenidas que contrastam com becos, ruas e ruelas empilhadas, obra de Deus diriam uns ou maus arquitectos nas palavras do Marquês. Antigos armazéns transformados em casa de frescos para quem chega dos oceanos, alma lavada e comida temperada. Envelhecido Cais do Sodré. Tenta renascer como capim em telhas caídas na calçada. Nesta tumultuosa bolha, ergue-se Lisboa. De Liberdade escancarada, de céu azul envaidecida, a cor que não lhe resiste, brinda pela história o gosto pelo cair da manhã. No brotar do dia, os navegadores entorpeciam-se após afazeres incestuosos. E hoje, pela manhã, jovens vagabundos rasgam de um lar Frágil para um Lux luminoso. Perdeu-se o gosto pelo mar, ganhou-se no sabor de saber onde ancorar.
Até já pelo New York Times somos 'cantados'.
Como gosto do mundo virtual, abri conta no Pinterest. Aquilo é giro, mas não percebo a utilidade. É como o Twitter, também não sei usar muito bem... Afinal não sou assim tão dada às modernices.
Era só isto, tenho de mergulhar de novo nos relatórios.
até já,
Sushi
Era só isto, tenho de mergulhar de novo nos relatórios.
até já,
Sushi
A partir de hoje o meu mundo faz mais sentido, especialmente quando me esqueço de como cheguei a casa. Tenho a franca sensação de colocar o meu cérebro offline em inúmeras situações da minha vida.
«Muitos já terão tido a experiência de, ao chegarem a casa fazendo o seu percurso habitual, não se lembrarem de grande parte do mesmo, ou de após lerem várias páginas de um livro não terem retido praticamente nada.
"É quase como se a sua atenção estivesse tão absorvida por outros pensamentos que não sobrasse espaço para se recordarem de que pretendiam estar a ler", explica Daniel Levinson.»
Dos teus olhos, a extensão de uma imagem. Não a consigo reproduzir em texto, simplesmente porque não tenho o alcance do teu pormenor. Consomes-me nos contornos. Vês-me, abres o obturador, desfocas-me e aproximas-te devagar, pixel por pixel. Consegues decifrar as luzes, os contrastes, os tons quentes e frios, desenhas-me para o cartão digital e perpetuas os momentos divididos. Danças devagar com a máquina na mão, registas todo o movimento numa tela panorâmica. Estendes-me além do que sou, decifras os meus detalhes, e eu, feita musa, delicio-me neste sentimento fotográfico.
Sempre quis ser hippie. Dandy. Vadia. Vagabunda. Fumar ervas e rodar a saia longa a roçar as sandálias romanas. Cabelo comprido e risco ao meio, fita na testa e a inspirar liberdade. Inebriante estilo de vida, associado a festividades sem fim, Woodstock, muito amor e rock'n'roll.
Vou vestir essa pele, mas como repórter.
Vou vestir essa pele, mas como repórter.
Faz um ano que um bando de perdidos se lançou avenida abaixo. Faz um ano que muitos quiseram dar voz a sua história, uns com mais direitos do que outros, outros por associação e uns quantos só porque queriam ir para os copos. Verdade seja dita, vi várias gerações, aflitos e com conflitos pelo caminho. E eu, uma delas. Um ano depois, e dez anos depois, permaneço na eterna questão de exploração, sem condições e nem um raio de sol para me governar. O meu ano arrasta-se verde e sem perspectivas para mudar. Procurar outra saída, tenho-o feito, mas também não há opções. Às vezes tenho uma pequena grande vontade de largar tudo. Mas depois perco a motivação. Já lá estive e não é animador. Aguardo pela catarse da economia.
O acaso da fotografia. Um simples disparo aquando quatro homens decidem atravessar a passadeira, talvez num passo sincronizado ao som de Come Together, em batida profunda, e os pés vincam na História as zebras do alcatrão. Ao fundo, na imagem, dimensionada a capa de álbum, hirto, em pose intransigente, descobre-se um simples turista em viagem, passo a redundância, que nunca se atreveu a ouvir os Beatles.
Hoje, aos 92 anos, dá entrevista.
Hoje, aos 92 anos, dá entrevista.
Nunca fui muito louca por tecnologia. Mas há um aparelho que desde sempre, desde o primeiro dia, fez um click do caraças. A sushi iPede tanto por uma coisinha destas... :p
Uma chuva que se tolda ao chão perfurado, carreirinhos de terra esmorecida escorrem por entre pedras da calçada, verdadeiros aquedutos para anões. Travessias apressadas de quem não quer abrandar o ritmo translúcido da vida. Depois, um rasgo tremido nas nuvens abre os olhos a quem perdeu a esperança de voltar a consumir luz. Abespinham-se pensamentos, do teu corpo consumado no meu, nesse sublimar momento, e o regresso ao vazio.