cassete das certezas

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Já existe, e às tantas, há mais tempo do que possa saber, uma forma de converter as cassetes de vídeo em ficheiros de computador, e nem sei bem qual a melhor terminologia, talvez mp4. Não tenho grande memória do  passado, culpa do pouco espaço que contém o meu cérebro, passa mais tempo a absorver novidades do que a recordar antiguidades. Tenho sempre de fazer aquele esforço insano de imaginar a minha infância, se bem que a sensação que me dá, é que fui uma criança feliz. Talvez por isso queira pegar na memória alocada naquela fita de cassete e rever esses momentos. Aposto que era muito sábia. E dizia coisas do género Mami ele não pode ser teu pai, porque é meu avó. Coisas que fariam sentido no meu pequeno espírito desenvolto. E também acho possível encontrar uma parte nesses vídeos da minha fase medo de Pai Natal, não sei se era da barba branca, mas devia ser, e devia chorar feita tola ao seu colo enquanto pedia humildemente uma nova barbie cor de rosa. A minha primeira bicicleta. Em que o meu pai vinha por detrás do pequeno monte do nosso jardim, e eu agoniada porque se tinham esquecido do meu aniversário, pudera com três dias de diferença da minha irmã, normal que se esquecessem, mas lá viria o meu pai, jovem, sorridente, com a bicicleta entre as mães e eu radiante, sorridente, a pedalar pelos montes e vales abaixo. E a minha cara de compaixão quando encontrei o passarinho morto, coitado, caiu à primeira, talvez tenha assistido a esse suicido sem querer,  do passarito, e enterrado nesse mesmo jardim.
As brincadeiras com todos. Os dias de circo e os dias de Roxette, banda da qual não pude fazer parte, porque era das mais novas, sempre fui. Ainda assim, de certeza, que essas cassetes têm uma parte da fita comigo a bater-lhes palmas e a aclamá-los. A nobreza da vida em cassetes e eu sem conseguir recordar. O jeito que me daria...

Sushi do Dia

A nossa visão só se torna clara quando conseguimos olhar para dentro de nós. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.
Carl Jung

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