Praia do destino
20:15Honestamente não sei de todo o que é suposto fazer-se. Ficar sentada à espera que o destino me encontre ou como sempre, ir ao encontro do mesmo.
Fartei-me da segunda opção. Por exemplo, durante um ano perdi-me na imagem de uma pessoa que vi durante uma milésima mínima de segundos e, como tal decidi manter a insana esperança de rever esse momento anatómico. Eis que a minha excessiva convicção me permitiu, sem nunca ter certezas absolutas, fazer crer que lhe pus de novo vista em cima! E pus. O problema foi o sol. Ou as sombras. Ou um fotógrafo que entenda melhor do que eu a incidência da luz, me convença que não foi mera impressão minha, mas antes pelo contrário, a dita pessoa que vi no meu perfeito estado de demência num domingo soalhaeiro de Agosto, foi real, fruto da minha absurda perseguição do destino. Sinto que me transformei, honestamente, numa caçadora de fantasmas. Porque afinal de contas, no meio da marabunta alapada na praia, tive o reencontro do destino.
E até aqui, tudo bem, tudo tranquilo. Mas é suposto agir? Eu fiz o mais complicado, que é reencontrar. Agora o reencontro bem que podia ter tomado conta de mim e ter-me feito levitar sem propósito algum numa tentativa fortuita de, seriamente, me apresentar ao tal vislumbre para que dessa forma me fosse possível agitar a massa cinzenta, aquela que faz supostamente raciocinar, e completar o puzzle. Nada disso. Como considerei ter tomado rédeas da faceta mais complexa na hora H, recostei-me e regozijei o momento de ser mais malandra que o destino. Só depois, muito depois é que veio a chapada de luva branca e a visão lá se desvaneceu sem rasto. Portanto, meus caros, o que é suposto fazer-se? Continuar em modo Ghostbuster ou simplesmente encarar o desencontro do reencontro como facto consumado que, afinal, não estava destinado?
Cambada de tretas difusas que só me enervam.