Sossega
22:22Um dia paramos frente a frente. Escangalho-me a rir porque nada mudou, vais continuar com a cara de parvo que sempre te desenhou. Tal e qual banda desenhada. Vamos pesar e considerar a inutilidade do tempo que passou neste falso império. Construimos um futuro sem presente, saltámos passos relevantes para chegar a esta conclusão tépida, nada mudou.
Tentamos por breves instantes estabelecer um diálogo em que o único som liberto é o bocejo e gracejo facial. Espasmos de memória que se atravessam no olhar. A lágrima aquece o coração.
Se nada mudou que fosso é este entre os nossos pés? Se nada mudou porque estamos em pontas opostas, caminhos abstractos? Se nada mudou porque estamos tão mudados?