confissões de adolescentes

21:49

Há pessoas infelizes porque foram adolescentes. Há pessoas miseravelmente tristes por terem sido adolescentes. E há ainda pessoas que não deixam nem de ser infelizes, tristes, logo adolescentes. Eu, para minha graça, escapei a essa fase da vida. Desde os doze anos que sou adulta. Mal pisei os primeiros riscos de me tornar numa dessas personagens infelizes, cabum, saltei tipo para o mundo adulto com carta de condução e a licenciar-me num curso qualquer. É triste ser adolescente. Borbulhas, hormonas aos saltos, a fingirem-se grandes de cigarros e cerveja na mão, a falar da vida com o maior conhecimento de causa. É mesmo triste. Acho que batem no fundo do poço, durante esse período de infelicidade, quando se apaixonam. Como se não houvesse amanhã. Ridículo. A maioria desses espécimes, que para as minhas náuseas não entram em vias de extinção,  conseguem coabitar com um sentimento de amor que arde sem se ver dentro deles, sem nunca o confessar.
Conclusão, quase dez anos depois oiço barbaridades do género «era apaixonado por ti». Francamente, que isso interessa? Se eras, já não és. Se na altura não me despertaste a atenção, não é agora que já sou pre-idosa que me vais cativar. Continua um adolescente infeliz. Que se há-de fazer. Eu que me aguente.

E qual o propósito de me abordar com uma conversa dessas?

Adolescentes.

Infelizes.

Tristes.

Adolescentes.

Sushi do Dia

A nossa visão só se torna clara quando conseguimos olhar para dentro de nós. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.
Carl Jung

Recebe uma carta