Sem motivo, sem sentido
19:39É surreal ficar nervosa sem motivo. É surreal sentir o coração aos pulos sem motivo. É surreal importar-me contigo. Enquanto penso nestas predisposições, molho os lábios e mordisco-os numa tentativa de te seduzir. Mas, repito, é surreal.
Pareço um ioiô. Tenho-te na cabeça umas 3547 vezes ao dia sem motivo. Não fosse eu a aproximação mais perfeita do racional. Tudo sem motivo mas eu preciso de uma justificação. Coisas subjectivas, coisas sem sentido não encaixam no meu perfil.
Não me atrevo atirar de cabeça sem medir consequências. Sou analítica. Racionalizo cada instante. Não faço nada sem saber o objectivo ao pormenor. Atinjo o ponto concreto deste possível incerto. E tu, inconscientemente dás-me a volta. Dou por mim a navegar fora do browser, sem teclado ou ecrã.
Aproveito para beber mais um pouco sem controlo. Liberto o cabelo do elástico. Os meus fios deslizam pelas costas e sinto uma ligeira brisa a subir pela minha blusa. Se me soltar mais, talvez aí consiga chegar a uma conclusão. Escorrego a mão pelo copo, ainda humedecido pelo vinho branco. Sinto os seus contornos. Ganho coragem, ergo a cabeça, olho-te nos olhos e vou.