Abertura do Tamariz

12:08

E começou mais um Verão com sábados intensos no Tamariz. Um lugar de excelência para a Linha e Lisboa, onde todos nos convergimos para aquele corredor. Basicamente, fazemos piscinas de um lado para o outro, com o intuito de encontrar caras conhecidas. Acontece que nos deparamos com um panorama extremamente lúdico: de um lado, as ditas crianças e do outro, um misto de adultos jovens quase a atingir a terceira idade.
O estado de alcoolemia dita as regras. Há quem inicie conversas eruditas do género "és tão gira" quando se tenta descobrir um espaço mais arejado para sobreviver a tamanha invasão populacional. Há quem dance, há quem conheça as escadas de perto, há também súbitos desaparecimentos e estranhos reencontros, que no dia seguinte, mais se assemelham com distúrbios mentais e alucinações.
Lembro-me de que há uns anos repudiava um pouco o espaço dos crescidos, fazia-me uma certa urticária ver os trintões, quarentões e outros ões a tentar seduzir a minha juventude. Hoje em dia, compreendo esse facto. É complicado tentar vingar no mundo dos engates, quando tudo o que os rodeia, é conhecido. Portanto, encostam-se ou ao bar, onde pode sempre pingar uma nova gota, ou como segunda opção, no corrimão, que enlata mais ainda a passagem dos transeuntes. Aqui facilita a comunicação para quem é considerado surdo: há uma aproximação à orelha para balbuciar uma coordenação qualquer com o objectivo de a noite terminar nos aposentos do príncipe de Sabóia.
A romaria às casas de banho são um clássico, ainda por cima, quando a porta dos sanitários das senhoras e dos senhores está frente-a-frente. Fica sempre um ambiente de constrangimento e de denúncia: "acabei de fazer xixi". E para que fiquem esclarecidos, as mulheres têm essa necessidade de ir em conjunto por uma questão de apoio moral. Preciamos sempre de uma opinião acerca da nossa performance na pista de engate.
Seja como for, os sábados prometem. E o Tamariz rende.

Sushi do Dia

A nossa visão só se torna clara quando conseguimos olhar para dentro de nós. Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta.
Carl Jung

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