Ontem reencontrei-as. Sentámo-nos à mesa do Bastardo onde regozijámos momentos de prazer, quer pelo que nos serviam, quer pela companhia descomprometida da amizade.
Recordámos momentos e tempos. Falámos do agora. E quando falámos do futuro, o silêncio absorveu-nos. Deixámos de planos. Passámos a viver o dia, a saborear o momento, sem hesitação. Colocámos de parte tudo aquilo que aí vem. Porque hoje estamos felizes.
O reencontro teve direito a abraços. Um com sabor da oceania, outro florido da Holanda. Houve também o abraço de quem se vê com mais frequência, e um abraço, o mais sentido.
Vi-lhe no olhar o sofrimento. Vi-lhe na alma a alegria de amar e de ser amada. Vi-lhe o tempo a ser-lhe roubado, vi-lhe a esperança restaurada. Vi o diagnóstico e a certeza de que tudo na vida acaba bem.
Vi-te, como sempre, feliz e inocente. E sem coragem, calei-me. Porque hoje estamos felizes.