Corre, forte, para norte. O rio sobe a velha Europa, vem da gélida montanha alpina. Tem cor. Um azul que não é de mar, um azul frio, pálido. Há quem já mergulhe, os dias de maio têm sido demasiado abafados, secos. A pele transpira mesmo sem movimento.
Circulo contra a corrente. A bicicleta é pesada e enferrujada, mas dá para viver a cidade sempre contra a corrente. Sentam-se os hippies modernos de rastas e tatuagens, jovens meio sem rumo, à beira-rio nas horas de relógio suíço. São os poucos que gozam a liberdade. Os restantes juntam-se ao fim do dia, nas suas roupas endinheiradas, deixando transpirar os perfumes de Paris. Têm um ar relaxado. Bebem a bier ou comem o clássico gelado de banana e chocolate, sem grande etiqueta. Os brasileiros estão, mais abaixo, nas escadas que fazem margem ao rio, trocando passos de samba com gargalhadas de um povo que é feliz, esteja onde estiver. Entre eles, um grupo de portugueses: cientistas, investigadores, arquitectos. Encontram em Basileia uma vida pacata e rica. Falam das saudades do mar, mais em particular quando o sol teima em aquecer, mas nunca é igual. Aqui o calor abafa e o rio só corre, não rebenta nem convida a mergulhar.
Sigo. Atravesso de novo a ponte, é um jogo constante de travessias para ver o que cada margem reserva. De um lado a felicidade. Do outro, o desconhecido. Alterno. Cai-me bem este papel de exploradora de cidade, articulo-me com as sinaléticas, respeitando-as. Talvez as respeite demais, mas aqui não há margem para menos. É afinal uma cidade deitada aos pés da corrente do Reno.
Circulo contra a corrente. A bicicleta é pesada e enferrujada, mas dá para viver a cidade sempre contra a corrente. Sentam-se os hippies modernos de rastas e tatuagens, jovens meio sem rumo, à beira-rio nas horas de relógio suíço. São os poucos que gozam a liberdade. Os restantes juntam-se ao fim do dia, nas suas roupas endinheiradas, deixando transpirar os perfumes de Paris. Têm um ar relaxado. Bebem a bier ou comem o clássico gelado de banana e chocolate, sem grande etiqueta. Os brasileiros estão, mais abaixo, nas escadas que fazem margem ao rio, trocando passos de samba com gargalhadas de um povo que é feliz, esteja onde estiver. Entre eles, um grupo de portugueses: cientistas, investigadores, arquitectos. Encontram em Basileia uma vida pacata e rica. Falam das saudades do mar, mais em particular quando o sol teima em aquecer, mas nunca é igual. Aqui o calor abafa e o rio só corre, não rebenta nem convida a mergulhar.
Sigo. Atravesso de novo a ponte, é um jogo constante de travessias para ver o que cada margem reserva. De um lado a felicidade. Do outro, o desconhecido. Alterno. Cai-me bem este papel de exploradora de cidade, articulo-me com as sinaléticas, respeitando-as. Talvez as respeite demais, mas aqui não há margem para menos. É afinal uma cidade deitada aos pés da corrente do Reno.
Resiliência. A tensão dos obstáculos e a vontade de vencer. Sempre a vontade de vencer.
Quando somos resilientes encontramos, mesmo quando no fundo do poço, a crença de que tudo muda e sempre para melhor. Este investimento sem retorno na capacidade de ter esperança, seja em que situação for, torna-nos resistentes. Venham as tempestades que vierem. Como um rochedo.
Quando somos resilientes encontramos, mesmo quando no fundo do poço, a crença de que tudo muda e sempre para melhor. Este investimento sem retorno na capacidade de ter esperança, seja em que situação for, torna-nos resistentes. Venham as tempestades que vierem. Como um rochedo.