As bicicletas em fileira, impõem-se a entrada dos edifícios. Não lhes conto mais do que quatro andares. O cheiro da relva cortada faz-me viajar na minha infância, mais para os lados campónios de Zurique, em Bischofzell. As vacas na sua calmaria vagueiam pelos prados verdejantes, penso sempre estar diante de uma pintura, nada pode ser tão verde. Continuo a odiar os corvos, por culpa de Hitchcock talvez, ou por pura embirração. Lembro-me agora da moda da bicicleta em Lisboa. Como sempre, pequenos e atrasados.
Tenho tempo para pensar, às tantas nem me apetece muito, o calor seco abafa as células, coitadas atrofiam, até percebo os alentejanos. Sinto falta do mar. Se pudesse redesenhar a terra colocaria os verdes suíços colados aos azuis do mar. Penso na existência de cada um e na ausência de todos. Os estranhos dizem-me olá; os estranhos dizem-me olá! Como folhas secas que tombam das árvores no final do tempo, assim se renovam votos de frescas amizades. E os verdes também.