Mal espreitaram os primeiros raios de sol, decidi revolucionar o meu mundo e acordar para vida. Vesti a minha fatiota colorida e enfiei as minhas havaianas e com os pés à espreita, fui caminhado pela estrada fora até encontrar alguma coisa interessante, que me fizesse parar de mover.
O problema foi que, no meio desta aventurosa caminhada, os pés se encharcaram com tamanha chuva que estoirou do céu. E ali, fiquei, parada no meio do nada sem direcção.
Confiei no meu instinto e borrifei para os aguaceiros que S. Pedro fez questão de mandar. Em modo pintainho, recusei abrigar. Lá fui eu, apaixonada e sorridente. Se bem que tenha ficado cansada de tanto andar, só sei que valeu a pena. Molhei-me e não me arrependi.
Fartei-me de rir quando olhei para os meus pés enlameados mas com uma gana de continuar, já que teimei em sair vencedora dessa peripécia toda.
E não é que venci. Recebi uma estátua de mérito e estupidez por confiar mais nos outros do que no meu próprio instinto. Porventura, bloquei o cérebro para não repetir dose idêntica num futuro próximo. Nem vale a pena dizer, quando for assim, leva galochas. O problema não são as nuvens, são mesmo os pequenos raios que se querem esgueirar do sol mas acabam por ficar em prisão preventiva ao abrigo da lei universal do puro egoísmo.
Hei-de voltar a usar as havaianas, com os dedos apontados para a frente e atacar a estrada que, mesmo cheia de poças, me diverte sem fim.